Evolução do Risco Residual Infeccioso para o VIH, VHC e VHB, nas Dádivas de Sangue do Centro Hospitalar de S. João, entre os Anos de 1999 e 2010
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.190Resumo
Introdução/Objectivo: A monitorização do risco residual infeccioso pela transfusão, é importante pois permite avaliar a melhoria alcançada na segurança das dádivas de sangue e adoptar políticas adequadas de redução dos riscos. Este estudo calcula as estimativas da taxa de incidência e do risco residual infeccioso para as infecções pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), vírus da hepatite B (VHB) e vírus da hepatite C (VHC), entre 1999 e 2010. Os dados foram analisados em períodos de quatro anos (1999-2002, 2003-2006 e 2007-2010) e as estimativas foram comparadas com as obtidas previamente, para dádivas ocorridas entre 1991 e 1998.
Material e Métodos: O estudo incluiu 209 640 colheitas de sangue, provenientes de 42 634 dadores regulares, voluntários e não remunerados. Para o cálculo do risco residual infeccioso, utilizamos o modelo matemático taxa de incidência-período de janela, descrito por Schreiber et al. Todas as dádivas foram rastreadas de acordo com a legislação portuguesa. Em Janeiro de 2001 foi implementado, em todas as dádivas de sangue, o teste de ácidos nucleicos em minipool, para o rastreio simultâneo de ácido ribonucleico (ARN) VIH-1 e VHC (Cobas Amplicor Ampliscreen-Roche©) o qual foi substituído, em Janeiro de 2007, pelo rastreio simultâneo de ácido desoxirribonucleico VHB e de ácido ribonucleico VHC e VIH-1/VIH-2, em minipool (Cobas TaqScreen MPX Test-Roche©).
Resultados: O risco residual infeccioso de uma dádiva em período de janela é muito reduzido e tem diminuído ao longo dos anos. Após a implementação de teste de ácidos nucleicos em minipool para os três vírus, a probabilidade de colhermos uma dádiva infecciosa e não detectada pelos testes de rastreio foi de 1/1,67 milhões de dádivas para o vírus da imunodeficiência humana, de 1/3,33 milhões para o vírus da hepatite C e de 1/526 000 para o vírus da hepatite B.
Conclusões: Durante os 12 anos em estudo verificamos uma diminuição do risco residual infeccioso de cinco vezes para o vírus da imunodeficiência humana e vírus da hepatite B, e de 32 vezes para o vírus da hepatite C. Se compararmos o período 1991-1998 com o último período do estudo, 2007-2010, ou seja, durante 20 anos, a diminuição é relevante, verificando-se uma diminuição do risco para vírus da imunodeficiência humana, vírus da hepatite B e vírus da hepatite C, na ordem de 19, seis e 54 vezes respectivamente.
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