Ruído Noturno e Qualidade do Sono em uma Enfermaria de Medicina em Portugal: Um Estudo Observacional
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.19042Palavras-chave:
Internamento, Medicina Interna, Privação do Sono, Ruído, Serviços HospitalaresResumo
Introdução: Os hospitais devem proporcionar um ambiente tranquilo para promover a recuperação e o bem-estar dos doentes. No entanto, dados publicados indicam que as diretrizes da Organização Mundial da Saúde permanecem frequentemente por cumprir. O presente estudo tem como objetivo quantificar os níveis de ruído noturno numa enfermaria de medicina interna e avaliar a qualidade do sono, bem como o uso de medicamentos sedativos.
Material e Métodos: Estudo observacional prospetivo numa enfermaria de Medicina Interna. Entre abril de 2021 e janeiro de 2022, foi registado o ruído noturno, em dias aleatórios, com uma aplicação para smartphone (Apple® iOS, Decibel X). O registo ocorreu das 22 às 8 horas. No mesmo período, os doentes internados foram convidados a responder a um questionário sobre a qualidade do sono.
Resultados: Foram gravadas 59 noites. O nível médio de ruído foi de 55 dB com mínimo de 30 dB e máximo de 97 dB. Cinquenta e quatro doentes foram incluídos no estudo. Foi reportada uma pontuação intermédia para qualidade do sono noturno (35,45 em 60) e a perceção de ruído noturno (5,26 em 10). Os principais motivos para a má qualidade do sono foram relacionados com a presença de outros doentes (nova admissão, descompensação aguda, delirium e roncopatia), seguido do ruído produzido por equipamentos e pelos profissionais, e a luz ambiente. Dezanove doentes (35%) tomavam previamente sedativos, mas 41 doentes (76%) receberam prescrição de sedativos durante o internamento.
Conclusão: Os níveis de ruído detetados numa enfermaria são superiores aos recomendados pela Organização Mundial Saúde. A maioria dos doentes recebeu prescrição de sedativos durante o internamento.
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