Tradução, Adaptação Cultural e Validação da Escala “PROMIS GI - Dificuldade em Engolir” na Língua Portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.19161Palavras-chave:
Distúrbio da Deglutição, Inquéritos e Questionários, Portugal, Reprodutibilidade dos Testes, TraduçãoResumo
Introdução: A disfagia é uma condição prevalente (20%), mais frequente nas mulheres e nos idosos, que tem um marcado impacto negativo na qualidade de vida pessoal e profissional dos afetados. Os resultados reportados pelo doente (patient-reported outcomes) permitem quantificar a sua experiência perante a disfagia e avaliar o impacto real na qualidade de vida. Entre as escalas disponíveis, a Patient-Reported Outcomes Measurement Information System Gastrointestinal (PROMIS GI) Disrupted Swallowing destaca-se por ser um instrumento robusto e aplicável independentemente do tipo e causa de disfagia. Neste estudo os autores procedem à tradução, adaptação cultural e validação da escala PROMIS GI Disrupted Swallowing na população de língua portuguesa.
Material e Métodos: Numa primeira fase, os sete itens da escala foram traduzidos e revistos transculturalmente de acordo com o método sistemático proposto pelo Functional Assessment of Chronic Illness Therapy (FACIT). A versão pré-teste do questionário foi aplicada a uma amostra de conveniência (n = 6) para avaliação semântica, para deteção e correção subsequente de possíveis problemas na tradução. A versão final traduzida e certificada foi aplicada a 200 indivíduos adultos voluntários (n = 123 saudáveis; n = 77 disfagia) em Portugal, para avaliação da confiabilidade e validade.
Resultados: A versão portuguesa da escala PROMIS GI Disrupted Swallowing apresenta uma consistência interna aceitável (coeficiente α de Cronbach de 0,919) e uma confiabilidade teste-reteste adequada (coeficiente de correlação intraclasse de 0,941). A versão traduzida da escala apresentou uma correlação forte com o score de Eckardt (p < 0,01; ρ = 0,782) e com o questionário de qualidade de vida EuroQol-5D (EQ-5D) (p < 0,01; ρ = -0,551), evidenciado validade convergente.
Conclusão: A escala PROMIS – Sintomas Gastrointestinais - Dificuldade em Engolir apresentou equivalência conceptual, semântica, cultural e de medição relativamente à escala original. Os resultados obtidos demonstraram que a versão portuguesa desta escala aparenta ser fiável e válida para aplicação tanto na prática clínica como em contexto de investigação.
Downloads
Referências
Johnston BT. Oesophageal dysphagia: a stepwise approach to diagnosis and management. Lancet Gastroenterol Hepatol. 2017;2:604-9. DOI: https://doi.org/10.1016/S2468-1253(17)30001-8
Chilukuri P, Odufalu F, Hachem C. Dysphagia. Mo Med. 2018;115:206–10.
Drossman DA, Li Z, Andruzzi E, Temple RD, Talley NJ, Marbella AM, et al. US householder survey of functional gastrointestinal disorders. Prevalence, sociodemography, and health impact. Dig Dis Sci. 1993;38:1569–80. DOI: https://doi.org/10.1007/BF01303162
Thiyagalingam S, Kulinski AE, Thorsteinsdottir B, Shindelar KL, Takahashi PY. Dysphagia in older adults. Mayo Clin Proc. 2021;96,488–97. DOI: https://doi.org/10.1016/j.mayocp.2020.08.001
Campbell BH, Spinelli K, Marbella AM, Myers KB, Kuhn JC, Layde PM. Aspiration, weight loss and quality of life in head and neck cancer survivors. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 2004;130:1100–3. DOI: https://doi.org/10.1001/archotol.130.9.1100
Queirós A, Moreira S, Silva A, Costa R, Lains J. Contributo para a adaptação e validação da Eat Assessment Tool (EAT-10) e da Functional Oral Intake Scale (FOIS). Rev Soc Port Med Fisic Reabil. 2013;24:25-30.
Antunes EB, Vieira D, Dinis-Ribeiro M. Linguistic and cultural adaptation into European Portuguese of SWAL-QOL and SWAL-CAR E outcomes tool for adults with oropharyngeal dysphagia. Arq Med. 2015;29:6-10.
Ekberg O, Hamdy S, Woisard V, Wuttge-Hannig A, Ortega P. Social and psychological burden of dysphagia: its impact on diagnosis and treatment. Dysphagia. 2002;17:139–46. DOI: https://doi.org/10.1007/s00455-001-0113-5
Patel DA, Krishnaswami S, Steger E, Conover E, Vaezi MF, Ciucci MR, et al. Economic and survival burden of dysphagia among inpatients in the United States. Dis Esophagus. 2018;31:1-7. DOI: https://doi.org/10.1093/dote/dox131
Farneti D, Consolmagno P. The swallowing centre: rationale for a multidisciplinary management. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2007;27:200–7.
Nguyen NP, Frank C, Moltz CC, Vos P, Smith HJ, Karlsson U, et al. Impact of dysphagia on quality of life after treatment of head and neck cancer. Int J Radiat Oncol Biol Phys. 2005;61:772–8. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijrobp.2004.06.017
Zhong C, Tan S, Ren Y, Lü M, Peng Y, Fu X, et al. Quality of life following peroral endoscopic myotomy for esophageal achalasia: a systematic review and meta-analysis. Ann Thorac Cardiovasc Surg. 2020;26:113-24. DOI: https://doi.org/10.5761/atcs.ra.19-00273
Azzolino D, Damanti S, Bertagnoli L, Lucchi T, Cesari M. Sarcopenia and swallowing disorders in older people. Aging Clin Exp Res. 2019;31:799–805. DOI: https://doi.org/10.1007/s40520-019-01128-3
Vaz-Carneiro A, Luz R, Borges M, Costa J. Indicadores (outcomes)p e secundários em ensaios clínicos oncológicos: definição e usos. Acta Med Port. 2014;27:498-502. DOI: https://doi.org/10.20344/amp.5286
Patel DA, Sharda R, Hovis KL, Nichols EE, Sathe N, Penson DF, et al. Patient-reported outcome measures in dysphagia: a systematic review of instrument development and validation. Dis Esophagus. 2017;30:1-23. DOI: https://doi.org/10.1093/dote/dow028
Zumpano CE, Mendonça TM, Silva CH, Correia H, Arnold B, Pinto RM. Adaptação transcultural e validação da escala de Saúde Global do PROMIS para a língua portuguesa. Cad Saúde Pública. 2017;33:e00107616. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-311x00107616
Spiegel BM, Hays RD, Bolus R, Melmed GY, Chang L, Whitman C, et al. Development of the NIH Patient-Reported Outcomes Measurement Information System (PROMIS) Gastrointestinal Symptom Scales. Am J Gastroenterol. 2014;109:1804-14. DOI: https://doi.org/10.1038/ajg.2014.237
Urbach DR, Tomlinson GA, Harnish JL, Martino R, Diamant NE. A measure of disease-specific health-related quality of life for achalasia. Am J Gastroenterol. 2005;100:1668–76. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1572-0241.2005.50141.x
Lagergren P, Fayers P, Conroy T, Stein HJ, Sezer O, Hardwick R, et al. Clinical and psychometric validation of a questionnaire module, the EORTC QLQOG25, to assess health-related quality of life in 11 patients with cancer of the oesophagus, the oesophago-gastric junction and the stomach. Eur J Cancer. 2007;43:2066–73. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ejca.2007.07.005
Manor Y, Giladi N, Cohen A, Fliss DM, Cohen JT. Validation of a swallowing disturbance questionnaire for detecting dysphagia in patients with Parkinson’s disease. Mov Disord. 2007;22:1917–21. DOI: https://doi.org/10.1002/mds.21625
Dellon ES, Irani AM, Hill M, Hirano I. Development and field testing of a novel patient-reported outcome measure of dysphagia in patients with eosinophilic esophagitis. Aliment Pharmacol Ther. 2013;38:634–42. DOI: https://doi.org/10.1111/apt.12413
Beaton DE, Bombardier C, Guillemin F, Ferraz MB. Guidelines for the process of cross-cultural adaptation of self-report measures. Spine. 2000;25:3186-91. DOI: https://doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014
Eremenco SL, Cella D, Arnold BJ. A comprehensive method for the translation and cross-cultural validation of health status. Eval Health Prof. 2005;28:212-32. DOI: https://doi.org/10.1177/0163278705275342
Ferreira PL, Ferreira LN, Pereira LN. Contributos para a validação da versão portuguesa do EQ-5D. Acta Med Port. 2013;26:664-75. DOI: https://doi.org/10.20344/amp.1317
Comrey AL, Lee HB. A first course in factor analysis. 2nd ed. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates; 1992.
Gockel I, Junginger T. The value of scoring achalasia: a comparison of current systems and the impact on treatment--the surgeon’s viewpoint. Am Surg. 2007;73:327-31. DOI: https://doi.org/10.1177/000313480707300403
McHorney CA, Ware Jr JE, Lu JF, Sherbourne CD. The MOS 36-item short-form healthy survey (SF-36): III. Test of data quality, scaling assumptions and reliability across diverse patient groups. Med Care. 1994;32:40-66. DOI: https://doi.org/10.1097/00005650-199401000-00004
Nunnally J, Bernstein I. Psychometric theory. 3rd ed. New York: McGraw-Hill; 1994.
Cohen JW. Statistical power analysis for the behavioral sciences. 2nd ed. Hillsdale: Lawrence Erlbaum Associates; 1988.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2023 Acta Médica Portuguesa
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Todos os artigos publicados na AMP são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative Commons ‘Atribuição – Uso Não-Comercial – (CC-BY-NC)’.
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc., de outras publicações. Após a aceitação de um artigo, os autores serão convidados a preencher uma “Declaração de Responsabilidade Autoral e Partilha de Direitos de Autor “(http://www.actamedicaportuguesa.com/info/AMP-NormasPublicacao.pdf) e a “Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse” (http://www.icmje.org/conflicts-of-interest) do ICMJE. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Após a publicação, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons