Avaliação do Sistema de Triagem de Manchester em Doentes com Crise de Encerramento Agudo Primário do Ângulo Iridocorneano: Um Estudo Retrospetivo

Autores

  • Margarida Ribeiro Co-primeiro autor. Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Biomedicina. Unidade de Farmacologia e Terapêutica. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. https://orcid.org/0000-0002-0196-3840
  • João Barbosa-Breda Co-primeiro autor. Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; UnIC@RISE. Departamento de Cirurgia e Fisiologia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Portugal; KU Leuven. Research Group Ophthalmology. Department of Neurosciences. Leuven. Belgium. https://orcid.org/0000-0001-7816-816X
  • Francisco Gonçalves Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Ana Faria Pereira Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto. Portugal.
  • Fernando Falcão-Reis Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Cirurgia e Fisiologia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Flávio Alves Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto. Portugal.
  • Sérgio E. Silva Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Cirurgia e Fisiologia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. https://orcid.org/0000-0002-7415-813X
  • António B. Melo Serviço de Oftalmologia. Centro Hospitalar e Universitário de São João. Porto; Departamento de Cirurgia e Fisiologia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.19170

Palavras-chave:

Glaucoma de Ângulo Fechado/diagnóstico, Glaucoma de Ângulo Fechado/tratamento, Serviço de Urgência Hospitalar, Triagem

Resumo

Introdução: A crise de encerramento agudo primário do ângulo iridocorneano é uma emergência oftalmológica. O objetivo deste estudo foi descrever os casos admitidos no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Universitário São João, correlacionando a queixa inicial com o nível de triagem de Manchester atribuído e o tempo até observação por Oftalmologia e realização de iridotomia.
Material e Métodos: Análise retrospetiva dos registos clínicos dos doentes com encerramento agudo primário do ângulo, admitidos no Serviço de Urgência entre janeiro de 2010 e dezembro de 2020. Foram revistos 2228 episódios com diagnóstico de glaucoma ou hipertensão ocular para identificação correta dos casos de crise de encerramento do ângulo. Foram extraídas variáveis, nomeadamente o nível de triagem de Manchester atribuído, queixa principal, pressão intraocular à admissão, especialidade responsável pelo primeiro contacto médico e tempos até observação por Oftalmologia e até iridotomia.
Resultados: Foram identificados 120 doentes, 84 (70%) do sexo feminino, com idade média de 68 ± 12 (desvio padrão) anos. A pressão intraocular média à admissão foi de 53,4 ± 12,4 mmHg. Em 9,2% dos doentes a queixa principal foi não-ocular, enquanto 9,2% apresentavam queixas não-oculares e oculares associadas. A maioria (68,1%) dos doentes com queixas não-oculares ou mistas foi triada para um não-oftalmologista. Segundo o sistema de triagem, a maioria (66,7%) dos doentes foi triada com nível amarelo (urgente), 9,2% foram triados com laranja (muito urgente) e nenhum vermelho (emergente). O primeiro especialista a observar os doentes após a triagem foi um oftalmologista em 83,3% dos casos (corretamente triados), enquanto os restantes foram inicialmente observados por outra especialidade. O tempo mediano até observação por Oftalmologia foi de 288 minutos (min. 45, máx. 871) num doente incorretamente triado e 49 minutos (min. 15, máx. 404) (p < 0,001) em doentes corretamente triados. O tempo mediano até realização de iridotomia laser foi de 353 minutos (min. 112, máx. 947) nos doentes incorretamente triados e 203 minutos (min. 22, máx. 1440) nos corretamente triados (p < 0,001).
Conclusão: A maioria dos doentes com crise de encerramento agudo primário do ângulo iridocorneano não foi triada de acordo com o grau de prioridade apropriado segundo o sistema de triagem de Manchester. Nos doentes que não foram imediatamente seguidos por Oftalmologia verificou-se um atraso significativo no diagnóstico e início do tratamento. Torna-se premente a consciencialização dos profissionais de saúde sobre esta condição clínica e a otimização do processo de triagem para minimizar a perda de visão.

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Publicado

2023-03-17

Como Citar

1.
Ribeiro M, Barbosa-Breda J, Gonçalves F, Faria Pereira A, Falcão-Reis F, Alves F, E. Silva S, B. Melo A. Avaliação do Sistema de Triagem de Manchester em Doentes com Crise de Encerramento Agudo Primário do Ângulo Iridocorneano: Um Estudo Retrospetivo. Acta Med Port [Internet]. 17 de Março de 2023 [citado 22 de Novembro de 2024];36(11):698-705. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/19170

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