Efetividade e Segurança de Glecaprevir/Pibrentasvir para Tratamento de Hepatite C Crónica: Um Estudo de Coorte Prospetiva em Portugal

Autores

  • José Vera Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • André Gomes Hospital Garcia de Orta. Almada.
  • Diana Póvoas Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa.
  • Diana Seixas Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa.
  • Fernando Maltez Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa.
  • Isabel Pedroto Centro Hospitalar Universitário Porto. Porto. https://orcid.org/0000-0001-6573-699X
  • Luís Maia Centro Hospitalar Universitário Porto. Porto. https://orcid.org/0000-0002-9814-6184
  • Margarida Mota Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho. Vila Nova de Gaia.
  • Maria João Vieira Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • Maria José Manata Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa.
  • Paula Ferreira Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa.
  • Sara Lino Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa.
  • Tiago Pereira Guedes Centro Hospitalar Universitário Porto. Porto. https://orcid.org/0000-0002-6582-6749
  • Vânia Barradas Centro Hospitalar Barreiro-Montijo. Barreiro.
  • Nuno Marques Hospital Garcia de Orta. Almada.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.19178

Palavras-chave:

Genótipo, Glecaprevir, Hepatite C Crónica/tratamento farmacológico, Pibrentasvir, Portugal, Resultado do Tratamento

Resumo

Introdução: A informação sobre os tratamentos pan-genotípicos da hepatite em Portugal é escassa. Pretendeu-se avaliar a efetividade e segurança do glecaprevir+pibrentasvir (GLE/PIB) para tratamento da infeção por vírus da hepatite C (VHC), na prática clínica habitual em Portugal.
Métodos: Estudo prospetivo observacional em seis hospitais, com 121 adultos com hepatite C que iniciaram GLE/PIB entre outubro 2018 e abril 2019, conforme a prática clínica habitual. Os doentes elegíveis tinham infeção por VHC de genótipo (GT) 1 a 6, independentemente de ter ou não cirrose compensada e tratamento prévio. Os dados sociodemográficos e de segurança foram descritos para a população total (N = 115). As taxas de resposta virológica sustentada às 12 semanas (RVS12) foram apresentadas para a população com seguimento completo (n = 97).
Resultados: A maioria dos doentes eram homens (83,5%), < 65 anos (94,8%), consumo atual ou anterior de álcool (77,3%) e de substâncias ilícitas (72,6%), e infeção VHC adquirida por agulha contaminada/uso de substâncias intravenosas (62,0%); 22,6% era co-infetado com VIH. A prevalência de GT1 foi de 51,3%, GT2 1,7%, GT3 30,4%, GT4 16,5% e GT5,6 0%. A maioria não tinha cirrose (80,9%) nem tratamento prévio (93,8%). As taxas de RVS12 foram de 97,9% (IC de 95%: 92,8 - 99,4) no geral e > 95% nos subgrupos com cirrose, GT3, uso de substâncias ilícitas, alcoolismo e tratamento prévio. A taxa de eventos adversos foi de 2,6% e nenhum doente interrompeu o tratamento devido a eventos adversos. A qualidade de vida, produtividade e fadiga melhoraram após tratamento.
Conclusão: Em linha com outros estudos, o tratamento com GLE/PIB mostrou alta eficácia e tolerabilidade, no geral e por subgrupos de doentes de difícil tratamento (ClinicalTrials.gov: NCT03303599).

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Publicado

2024-02-07

Como Citar

1.
Vera J, Gomes A, Póvoas D, Seixas D, Maltez F, Pedroto I, Maia L, Mota M, Vieira MJ, Manata MJ, Ferreira P, Lino S, Pereira Guedes T, Barradas V, Marques N. Efetividade e Segurança de Glecaprevir/Pibrentasvir para Tratamento de Hepatite C Crónica: Um Estudo de Coorte Prospetiva em Portugal. Acta Med Port [Internet]. 7 de Fevereiro de 2024 [citado 22 de Novembro de 2024];37(5):323-3. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/19178

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