Anticoagulação Oral e Incidência de Acidente Vascular Cerebral Associado a Fibrilhação Auricular em Portugal Continental: Um Estudo de Modelação

Autores

  • Raquel Ascenção Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa; Instituto de Medicina Preventiva e Saúde Pública. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa; Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa.
  • Madalena Gil Departamento de Matemática. Instituto Superior Técnico. Universidade de Lisboa. Lisboa.
  • Francisco Lourenço Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa. https://orcid.org/0000-0001-9996-5483
  • Daniel Caldeira Centro Cardiovascular da Universidade de Lisboa. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa; Serviço de Cardiologia. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Lisboa; Laboratório de Farmacologia Clínica e Terapêutica. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa. https://orcid.org/0000-0002-2520-5673
  • Rosário Oliveira Departamento de Matemática. Instituto Superior Técnico. Universidade de Lisboa. Lisboa. https://orcid.org/0000-0002-5234-3713
  • Margarida Borges Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa; Laboratório de Farmacologia Clínica e Terapêutica. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa.  https://orcid.org/0000-0002-8563-6846
  • Luís Silva Miguel Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa. https://orcid.org/0000-0003-4363-7389
  • João Costa Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa; Instituto de Medicina Molecular. Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa.  https://orcid.org/0000-0002-5831-4921

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.19255

Palavras-chave:

Acidente Vascular Cerebral/prevenção e controlo, Anticoagulantes/uso terapêutico, Fibrilhação Auricular/complicações, Portugal

Resumo

Introdução: A fibrilhação auricular é a disritmia persistente mais prevalente, tendo um importante impacto social e económico. O objetivo principal deste estudo foi avaliar a associação entre a utilização de anticoagulantes orais e a incidência de acidente vascular cerebral associado a fibrilhação auricular, em Portugal continental.
Métodos: A base de dados de morbilidade hospitalar foi utilizada para a contabilização dos episódios de internamento com um diagnóstico principal de acidente vascular cerebral e um diagnóstico adicional de fibrilhação auricular, ocorridos durante cada mês do período em análise (janeiro de 2012 a dezembro de 2018), em indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos. O número de doentes com registo de fibrilhação auricular presentes nesta base de dados foi utilizado como um proxy da prevalência de fibrilhação auricular conhecida. O número de doentes anticoagulados foi estimado a partir das estatísticas das vendas de antagonistas da vitamina K e novos anticoagulantes orais (apixabano, dabigatrano, edoxabano e rivaroxabano) em Portugal continental. Foi realizada uma análise descritiva das variáveis, construindo-se depois modelos auto-regressivos integrados de médias móveis sazonais (seasonal autoregressive integrated moving average, SARIMA), com recurso ao software R.
Resultados: Ocorreram, em média, 522 (± 57) episódios de acidente vascular cerebral por mês. Verificou-se um aumento gradual do número de doentes anticoagulados, passando de 68 943 para 180 389, por mês. A tendência decrescente no número de episódios verificou-se a partir de 2016, a par da maior utilização dos novos anticoagulantes orais, comparativamente aos antagonistas da vitamina K. O modelo final estimado indicou que o aumento do consumo de anticoagulação oral entre 2012 e 2018 em Portugal continental foi associado a um decréscimo do número de acidentes vasculares cerebrais associados a fibrilhação auricular. Estimou-se que, entre 2016 e 2018, a mudança no tipo de anticoagulação se associou a uma redução de 833 episódios de acidentes vascular cerebrais em doentes com fibrilhação auricular (4,2%).
Conclusão: A anticoagulação oral associou-se à redução da incidência de acidente vascular cerebral em doentes com fibrilhação auricular, em Portugal continental. Esta redução foi mais relevante no período 2016 a 2018, em provável relação com a introdução dos novos anticoagulantes orais.

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Publicado

2023-06-07

Como Citar

1.
Ascenção R, Gil M, Lourenço F, Caldeira D, Oliveira R, Borges M, Silva Miguel L, Costa J. Anticoagulação Oral e Incidência de Acidente Vascular Cerebral Associado a Fibrilhação Auricular em Portugal Continental: Um Estudo de Modelação. Acta Med Port [Internet]. 7 de Junho de 2023 [citado 22 de Novembro de 2024];36(7-8):458-66. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/19255

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