Estudo Delphi sobre a Comunicação Estratégica em Unidades de Saúde Pública em Portugal

Autores

  • Duarte Vital Brito Public Health Unit Cascais. Western Lisbon Local Health Unit. Lisbon.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.19997

Palavras-chave:

Comunicação em Saúde, Gestão de Serviços de Saúde Pública, Painel Delphi, Planeamento Estratégico, Portugal

Resumo

Introdução: A comunicação estratégica desempenha um papel fundamental no planeamento e implementação de projetos em saúde pública. No entanto, as Unidades de Saúde Pública em Portugal, responsáveis por intervenções comunitárias, carecem de modelos orientadores, ferramentas, recursos especializados e formação em comunicação em saúde. O objetivo deste estudo foi desenvolver um modelo conceptual de comunicação organizacional estratégica aplicável pelas Unidades de Saúde Pública, em Portugal.
Métodos: Este estudo apresenta um modelo conceptual de comunicação organizacional estratégica para Unidades de Saúde Pública em Portugal, desenvolvido através de um painel online Delphi modificado de três rondas. Trinta e sete especialistas portugueses em saúde pública, comunicação e membros da comunidade foram convidados a analisar um modelo proposto, com base numa breve revisão da literatura. Foram observadas elevadas taxas de participação em todas as rondas (primeira = 22 participações válidas; segunda = 21 participações válidas; terceira = 18 participações válidas).
Resultados: A maioria dos participantes afirmou que as Unidades de Saúde Pública em Portugal não estavam preparadas para comunicar de forma eficaz e que beneficiariam de um planeamento adequado e definição de um responsável ou equipa de comunicação. Websites e redes sociais também foram identificados como essenciais para uma comunicação efetiva. O modelo conceptual validado considerou diferentes parceiros na saúde e na comunidade, com destaque para as relações com a rede nacional de autoridades de saúde, outras Unidades de Saúde Pública, cuidados de saúde primários, municípios e escolas. Os canais preferenciais identificados para comunicação com esses parceiros incluem relacionamentos interpessoais, correio eletrónico e telefone. Não houve consenso sobre os canais de comunicação preferenciais entre as Unidades de Saúde Pública e a comunicação social.
Conclusão: O planeamento estratégico baseado no modelo conceptual proposto, envolvendo diferentes parceiros da saúde e da comunidade, tem potencial para melhorar a efetividade da comunicação interna e externa e facilitar a implementação de programas e projetos de saúde pública. O modelo proposto deverá ser validado em Unidades de Saúde Pública, considerando potenciais restrições humanas, materiais e financeiras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Neal H. Better communications for better health. New York: The National Health Council; 1962.

Schiavo R. Health communication - from theory to practice. 2nd ed. San Francisco: Jossey-Bass; 2014.

Sorensen K, Van den Broucke S, Fullam J, Doyle G, Pelikan J, Slonska Z, et al. Health literacy and public health: a systematic review and integration of definitions and models. BMC Public Health. 2012;12:80.

Khorram-Manesh A, Dulebenets M, Goniewicz K. Implementing public health strategies - the need for educational initiatives: a systematic review. Int J Environ Res Public Health. 2021;18:5888.

Carey R, Connell L, Johnston M, Rothman A, de Bruin M, Kelly M, et al. Behavior change techniques and their mechanisms of action: a synthesis of links described in published intervention literature. Ann Behav Med. 2019;53:693-707.

Lee N. Reducing the spread of COVID-19: a social marketing perspective. Soc Mark Q. 2020;26:259-65.

World Health Organization - Regional Office for Europe. European action plan for strengthening public health capacities and services. Copenhagen: WHO Regional Office for Europe; 2012.

Lammers J, Barbour J. An institutional theory of organizational communication. Commun Theory. 2006;16:356-77.

Kunsch M. Comunicação organizacional integrada na perspetiva estratégica. In: Felix J, editor. Comunicação estratégica e integrada: a visão de 23 renomados autores de 5 países. São Paulo: Editora Rede Integrada; 2020. p.87-104.

Postmes T, Tanis M, Wit B. Communication and commitment in organizations: a social identity approach. Group Process Intergr Relat. 2001;4:227-46.

Hallahan K, Holtzhausen D, van Ruler B, Vercic D, Sriramesh K. Defining strategic communication. Int J Strateg Commun. 2007;1:3-35.

Pereira M. Comunicação estratégica no contexto organizacional strategic communication in organizational context. Rev Int Cienc. 2014;4:37-50.

Parvanta C, Nelson D, Parvanta S, Harner R. Essentials of public health communication. Massachusetts: Jones & Bartlett Learning; 2011.

Ruão T, Lopes F, Marinho S. Comunicação e saúde, dois campos em intersecção. Comun Soc. 2012:5-7.

Kunsch M. Planejamento e gestão estratégica de relações públicas nas organizações contemporâneas. Anàlisi. 2006;34:125-39.

Clampitt P, Downs C. Employee perceptions of the relationship between communication and productivity: a field study. Int J Bus Commun. 1993;30:5-28.

Yates K. Internal communication effectiveness enhances bottom-line results. J Organ Excell. 2016;25:71-9.

Robson P, Tourish D. Managing internal communication: an organizational case study. Corp Commun. 2006;10:213-22.

Martins M. Internal communication plan of the Hospital do Espírito Santo de Évora, EPE.. Évora: Universidade de Évora; 2014.

Serapioni M, Ferreira P, Antunes P. Participação em saúde: conceitos e conteúdos. Notas Económicas. 2014;40:26-41.

Parvanta C, Bass S. Health communication - strategies and skills for a new era. Massachusetts: Jones & Bartlett Learning; 2018.

Ihm J, Lee CJ. Toward more effective public health interventions during the COVID-19 pandemic: suggesting audience segmentation based on social and media resources. Health Commun. 2021;36:98-108.

Portugal. Ministério da Saúde. Decreto-Lei n.º 137/2013. Diário da República, I Série, n.º 193 (2013/10/07).

Colégio de Saúde Pública – Ordem dos Médicos. Competências essenciais ao exercício do médico especialista em Saúde Pública. Lisboa: Ordem dos Médicos; 2013.

Arriaga M, Santos B, Costa A, Francisco R, Nogueira P, Oliveira J, et al. Health literacy survey 2019 - Portugal - levels of health literacy. Lisboa: Direção-Geral da Saúde; 2021.

Comissão para a Reforma da Saúde Pública Nacional. Modelo de uma rede de serviços de Saúde Pública – proposta de desenvolvimento e implementação. Lisboa: CRSPN; 2017.

Alpuim N. The role of strategic communication in healthcare institutions: the case of the Braga hospital. Braga: Universidade do Minho; 2015.

Creswell J. Research design: qualitative, quantitative and mixed methods approaches. 4th ed. London: Sage Publications Inc; 2013.

Yates, K. Internal communication effectiveness enhances bottom-line results. J Organ Excell. 2006;25:71-9.

Longest BB Jr, Rohrer WM. Communication between public health agencies and their external stakeholders. J Health Hum Serv Adm. 2005:28:189-217.

Lammers J, Barbour J. An institutional theory of organizational communication. Commun Theory. 2006:16:356-77.

Hsu C, Sandford B. The delphi technique: making sense of consensus. Pract Assess Res. 2007:12:1-8.

Powell C. The Delphi technique: myths and realities. J Adv Nurs. 2003;41:376-82.

Monguet J, Trejo A, Marti T, Escarrabill J. Health consensus: a digital adapted Delphi for healthcare. IJUDH. 2017;7:27-43.

Avella J. Delphi panels: research design, procedures, advantages, and challenges. Int J Dr Stud. 2016;11:305-21.

Rozados H. O uso da técnica Delphi como alternativa metodológica para a área da Ciência de Informação. Em Questão. 2015;21:64-86.

Diamond I, Grant R, Feldman B, Pencharz P, Ling S, Moore A, et al. Defining consensus: a systematic review recommends methodologic criteria for reporting of Delphi studies. J Clin Epidemiol. 2014;67:401-9.

Bhandari S, Hallowell M. Identifying and controlling biases in expertopinion research: guidelines for variations of delphi, nominal group technique, and focus groups. J Manag Eng. 2021;37:04021015.

Beiderbeck D, Frevel N, von der Gracht H, Schmidt S, Schweitzer V. Preparing, conducting, and analyzing delphi surveys: crossdisciplinary practices, new directions, and advancements. MethodsX. 2021;8:101401.

Heath R, O’Hair D. Handbook of risk and crisis communication. 1st ed. New York: Routledge; 2010.

Santos A. Gestão da mudança na saúde: do planeamento à governança em saúde. Um contributo para a governança local em saúde. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa; 2018.

Tangcharoensathien V, Calleja N, Nguyen T, Purnat T, D’Agostino M, Garcia-Saiso S, et al. Framework for managing the COVID-19 infodemic: methods and results of an online, crowdsourced WHO technical consultation. J Med Internet Res. 2020;22:e19659.

Mehrizi M, Ghasemzadeh F, Molas-Gallart J. Stakeholder mapping as an assessment framework for policy implementation. Evaluation. 2009;15:427-44.

Reynolds B, Seeger M. Chapter 5 – The spokesperson. Washington: Centers for Disease Control and Prevention; 2014.

Weaver S, Dy S, Rosen M. Team-training in healthcare: a narrative synthesis of the literature. BMJ Qual Saf. 2014;23:359-72.

Brito D, Garcia A. Posicionamento digital das unidades de Saúde Pública em Portugal Continental em 2019. Comunicação Pública. 2019;15.

Szostek A. ‘Dealing with my emails’: latent user needs in email management. Comput Hum Behav. 2011;27:723-9.

Duggan A. Understanding interpersonal communication processes across health contexts: advances in the last decade and challenges for the next decade. J Health Commun. 2006;11:93-108.

Smeraglio A, DiVeronica M, Terndrup C, McGhee B, Hunsaker S. Videoconferencing: a steep learning curve for medical educators. J Grad Med Educ. 2020;12:553-6.

Sousa R, Trindade R. O impacto da saúde escolar na comunidade educativa. Educ Soc Culturas. 2013;38:99-116.

Downloads

Publicado

2024-04-01

Como Citar

1.
Vital Brito D. Estudo Delphi sobre a Comunicação Estratégica em Unidades de Saúde Pública em Portugal. Acta Med Port [Internet]. 1 de Abril de 2024 [citado 17 de Maio de 2024];37(4):251-6. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/19997

Edição

Secção

Original