Estudo Demográfico da População de Oftalmologistas em Portugal: Censo de Oftalmologia 2021
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.20321Palavras-chave:
Inquéritos e Questionários, Oftalmologia, Oftalmologistas/estatísticas e dados numéricos, PortugalResumo
Introdução: Tem sido dada particular atenção aos recursos humanos na oftalmologia, questionando a sua adequação à realidade. O objetivo do estudo foi caracterizar a população de oftalmologistas em Portugal.
Métodos: Estudo descritivo e transversal realizado com recurso a um questionário aplicado online, à data de dezembro de 2021. O questionário desenhado analisou as seguintes variáveis: demografia, habilitações profissionais, atividade profissional ativa, atividade profissional semanal e planos a médio prazo.
Resultados: A taxa de resposta foi de 64,7% (de um total de 910 oftalmologistas inscritos). Existem 0,9 oftalmologistas para 10 000 habitantes; 0,45 colaboram com o sector público (0,35 para equivalente de tempo completo). Há 57,6% de oftalmologistas com mais de 50 anos (59,6% do sexo masculino) e 97,3% têm nacionalidade portuguesa. A formação específica em oftalmologia foi realizada na região de Lisboa em 46,7% dos casos, 27,3% complementaram o internato com formação adicional e 9,5% fizeram um doutoramento. Aproximadamente 58,5% residiam e trabalhavam nos grandes centros urbanos. A colaboração com o sector público acontecia em 58,5% (4,2% em exclusividade) e 67,9% acumulavam funções em diferentes setores económicos. A mediana global do horário de trabalho semanal é de 45 horas, sendo de 35 horas no público. Foram exercidas um total de 12 926 horas/semana e 10 808 horas/semana no setor privado/social e público, respetivamente. A atividade de urgência é desempenhada por 31,4% dos profissionais que responderam. A atividade cirúrgica é realizada mais do que uma vez por semana para 52,8%. No que aos planos a médio prazo (cinco anos) diz respeito, 38,7% dos inquiridos pretende reduzir o seu horário, sendo os principais motivos relacionados com a família, fadiga e/ou desmotivação. Estima-se, a cinco anos, que a taxa de saída por reforma/cessação de atividade seja de 1,7%, a taxa de entrada seja de 20 titulações/ano e o balanço geracional de 0,8%.
Conclusão: O número de oftalmologistas em Portugal está de acordo com as recomendações internacionais, no entanto, existe uma carência destes profissionais de saúde no setor público. A maioria dos oftalmologistas reside e exerce a sua atividade nos grandes centros urbanos. Prevê-se, a cinco anos, uma população de oftalmologistas estável.
Downloads
Referências
Correia T, Gomes I, Nunes P, Dussault G. Health workforce monitoring in Portugal: does it support strategic planning and policy-making? Health Policy. 2020;124:303-10. DOI: https://doi.org/10.1016/j.healthpol.2019.12.014
Jambroes M, van Honschooten R, Doosje J, Stronks K, Essink-Bot ML. How to characterize the public health workforce based on essential public health operations? environmental public health workers in the Netherlands as an example. BMC Public Health. 2015;15:750. DOI: https://doi.org/10.1186/s12889-015-2095-5
Diallo K, Zurn P, Gupta N, Dal Poz M. Monitoring and evaluation of human resources for health: an international perspective. Hum Resour Health. 2003;1:3. DOI: https://doi.org/10.1186/1478-4491-1-3
Organisation for Economic Co-operation and Development. Health at a Glance 2021: OECD Indicators. OECD. 2021. [cited 2022 Nov 09]. Available from:
https://www.oecd-ilibrary.org/sites/b39949d7-en/index.html?itemId=/content/component/b39949d7-en.
Michas F. Number of ophthalmologists per population in Europe 2020. Statista. 2021. [cited 2023 Mar 12]. Available from: https://www.statista.com/statistics/711061/number-of-ophthalmologists-in-european-union-eu/.
Ministério da Saúde. Actuais e futuras necessidades previsionais de médicos (SNS) 2011. Administração Central do Sistema de Saúde 2011. [cited 2023 Feb 12]. Available from: https://saudeimpostos.files.wordpress.com/2011/10/actuais-e-futuras-necessidades-previsionais-de-mc3a9dicos-snsacss-9-2011.pdf.
Santana P, Peixoto H, Duarte N. Demography of physicians in portugal: prospective analysis. Acta Med Port. 2014;27:246-51. DOI: https://doi.org/10.20344/amp.5183
Magalhães A, Falcão M, Campos N, Monteiro Grillo M, Murta J, Breda J, et al. The national strategy for eye care. Rev Soc Port Oftalmol. 2018;42.
Yu M, Keel S, Mariotti S, Mills JA, Muller A. Development of the WHO eye care competency framework. Hum Resour Health. 2023;21:46. DOI: https://doi.org/10.1186/s12960-023-00834-4
Dussault G, Dubois CA. Human resources for health policies: a critical component in health policies. Hum Resour Health. 2003;1:1. DOI: https://doi.org/10.1186/1478-4491-1-1
Pick ZS, Stewart J, Elder MJ. The New Zealand ophthalmology workforce 2008. Clin Exp Ophthalmol. 2008;36:762-6. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1442-9071.2008.01874.x
Hingorani M, Harcourt J. Workforce Census 2018. London: The Royal College of Ophthalmologists; 2018.
Maclennan PA, McGwin G Jr, Searcey K, Owsley C. A survey of Alabama eye care providers in 2010-2011. BMC Ophthalmol. 2014;14:44. DOI: https://doi.org/10.1186/1471-2415-14-44
Micieli JA. Geographic distribution of ophthalmologists in Ontario: a 10-year review. Can J Ophthalmol. 2014;49:283-6. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jcjo.2014.01.006
Department of Health and Aged Care. Australia’s Future Health Workforce report. Canberra: DHAC; 2018.
Jones TL, Baxter MA, Khanduja V. A quick guide to survey research. Ann R Coll Surg Engl. 2013;95:5-7. DOI: https://doi.org/10.1308/003588413X13511609956372
Instituto Nacional de Estatística. Censos 2021. 2021. [cited 2023 Oct 03]. Available from: https://censos.ine.pt/scripts/db_censos_2021.html.
Fundação Francisco Manuel dos Santos. Recursos Humanos: médicos por especialidade 2021. [cited 2022 Nov 02]. Available from: https://www.pordata.pt/portugal/medicos+nao+especialistas+e+especialistas+por+especialidade-147-3538.
Phillips AW, Friedman BT, Utrankar A, Ta AQ, Reddy ST, Durning SJ. Surveys of health professions trainees: prevalence, response rates, and predictive factors to guide researchers. Acad Med. 2017;92:222-8. DOI: https://doi.org/10.1097/ACM.0000000000001334
Phillips AW. Proper applications for surveys as a study methodology. West J Emerg Med. 2017;18:8-11. DOI: https://doi.org/10.5811/westjem.2016.11.32000
Asch DA, Jedrziewski MK, Christakis NA. Response rates to mail surveys published in medical journals. J Clin Epidemiol. 1997;50:1129-36. DOI: https://doi.org/10.1016/S0895-4356(97)00126-1
Kellerman SE, Herold J. Physician response to surveys. A review of the literature. Am J Prev Med. 2001;20:61-7. DOI: https://doi.org/10.1016/S0749-3797(00)00258-0
Taylor T, Scott A. Do physicians prefer to complete online or mail surveys? Findings from a national longitudinal survey. Eval Health Prof. 2019;42:41-70. DOI: https://doi.org/10.1177/0163278718807744
Jefferson L, Bloor K, Maynard A. Women in medicine: historical perspectives and recent trends. Br Med Bull. 2015;114:5-15. DOI: https://doi.org/10.1093/bmb/ldv007
Lo TC, Rogers SL, Hall AJ, Lim LL. Differences in practice of ophthalmology by gender in Australia. Clin Exp Ophthalmol. 2019;47:840-6. DOI: https://doi.org/10.1111/ceo.13523
Newman TH, Parry MG, Zakeri R, Pegna V, Nagle A, Bhatti F, et al. Gender diversity in UK surgical specialties: a national observational study. BMJ Open. 2022;12:e055516. DOI: https://doi.org/10.1136/bmjopen-2021-055516
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2024 Acta Médica Portuguesa
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Todos os artigos publicados na AMP são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative Commons ‘Atribuição – Uso Não-Comercial – (CC-BY-NC)’.
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc., de outras publicações. Após a aceitação de um artigo, os autores serão convidados a preencher uma “Declaração de Responsabilidade Autoral e Partilha de Direitos de Autor “(http://www.actamedicaportuguesa.com/info/AMP-NormasPublicacao.pdf) e a “Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse” (http://www.icmje.org/conflicts-of-interest) do ICMJE. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Após a publicação, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons