Diabetes Mellitus e sua Influência no Sucesso do Tratamento Endodôntico: Um Estudo Clínico Retrospetivo
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.2089Resumo
Introdução: A diabetes mellitus é uma doença endócrina onde estão envolvidas as hormonas produzidas pelos ilhéus de Langerhans. A diabetes mellitus pode afetar várias funções do sistema imunitário do indivíduo, predispondo-o para a inflamação crónica, degradação progressiva dos tecidos e diminuição da reparação tecidular. Das alterações provocadas por esta doença ao nível da cavidade oralpode-se destacar a xerostomia, disgeusia, alterações periodontais, aumento da suscetibilidade à infeção e alterações tanto ao nível da polpa dentária como nos tecidos periapicais.
Objetivos: O objetivo deste trabalho é avaliar a influência da diabetes mellitus ao nível dos tecidos periapicais e no sucesso dos tratamentos endodônticos nestes doentes.
Material e Métodos: Foram analisados 737 casos clínicos tratados na consulta da Área de Medicina Dentária, a que foram feitos tratamentos endodônticos não cirúrgicos, entre os anos de 2003 e 2012. Destes foram selecionados os doentes com diabetes mellitus, num total de 32, dos quais 23 se dispuseram a vir à consulta e a participar neste estudo. Os dados recolhidos foram analisados no software Statistical Package for the Social Sciences, versão 19, a um nível de significância de 5%.
Resultados: Foram avaliados 37 dentes no grupo teste e 25 no grupo controlo. Para os parâmetros analisados relativos ao diagnóstico pulpar, mobilidade, presença de fístula, dor à percussão horizontal e vertical, avaliação da restauração definitiva e intervalo de tempo entre a consulta de obturação e a restauração definitiva e/ou a consulta de controlo, não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05). Em relação à avaliação do sucesso dos tratamentos endodônticos realizados, este foi de 62% no
grupo de teste e de 80% no grupo controlo (p > 0,05).
Conclusões: Os resultados deste estudo não são conclusivos em relação ao aumento da prevalência da periodontite apical nos doentes diabéticos. Em relação à avaliação do sucesso dos tratamentos endodônticos analisados verificou-se que a percentagem de sucesso nos doentes diabéticos é mais baixa, embora não seja estatisticamente significativa. Por este motivo e dadas as limitações deste estudo, não se pode afirmar que doentes com diabetes mellitus têm maior predisposição para o desenvolvimento de lesões
periradiculares ou que o sucesso dos tratamentos endodônticos nestes doentes esteja comprometido. É importante, no entanto, que sejam desenvolvidos mais estudos de forma a caracterizar as alterações pulpares e periradiculares e a avaliar a prevalência da periodontite
apical e sua progressão em doentes com diabetes mellitus.
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