Diabetes Mellitus e sua Influência no Sucesso do Tratamento Endodôntico: Um Estudo Clínico Retrospetivo

Autores

  • Manuel Marques Ferreira Faculdade de Medicina Dentária. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Eunice Carrilho Faculdade de Medicina Dentária. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Francisco Carrilho Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.2089

Resumo

Introdução: A diabetes mellitus é uma doença endócrina onde estão envolvidas as hormonas produzidas pelos ilhéus de Langerhans. A diabetes mellitus pode afetar várias funções do sistema imunitário do indivíduo, predispondo-o para a inflamação crónica, degradação progressiva dos tecidos e diminuição da reparação tecidular. Das alterações provocadas por esta doença ao nível da cavidade oral
pode-se destacar a xerostomia, disgeusia, alterações periodontais, aumento da suscetibilidade à infeção e alterações tanto ao nível da polpa dentária como nos tecidos periapicais.
Objetivos: O objetivo deste trabalho é avaliar a influência da diabetes mellitus ao nível dos tecidos periapicais e no sucesso dos tratamentos endodônticos nestes doentes.
Material e Métodos: Foram analisados 737 casos clínicos tratados na consulta da Área de Medicina Dentária, a que foram feitos tratamentos endodônticos não cirúrgicos, entre os anos de 2003 e 2012. Destes foram selecionados os doentes com diabetes mellitus, num total de 32, dos quais 23 se dispuseram a vir à consulta e a participar neste estudo. Os dados recolhidos foram analisados no software Statistical Package for the Social Sciences, versão 19, a um nível de significância de 5%.
Resultados: Foram avaliados 37 dentes no grupo teste e 25 no grupo controlo. Para os parâmetros analisados relativos ao diagnóstico pulpar, mobilidade, presença de fístula, dor à percussão horizontal e vertical, avaliação da restauração definitiva e intervalo de tempo entre a consulta de obturação e a restauração definitiva e/ou a consulta de controlo, não foram verificadas diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05). Em relação à avaliação do sucesso dos tratamentos endodônticos realizados, este foi de 62% no
grupo de teste e de 80% no grupo controlo (p > 0,05).
Conclusões: Os resultados deste estudo não são conclusivos em relação ao aumento da prevalência da periodontite apical nos doentes diabéticos. Em relação à avaliação do sucesso dos tratamentos endodônticos analisados verificou-se que a percentagem de sucesso nos doentes diabéticos é mais baixa, embora não seja estatisticamente significativa. Por este motivo e dadas as limitações deste estudo, não se pode afirmar que doentes com diabetes mellitus têm maior predisposição para o desenvolvimento de lesões
periradiculares ou que o sucesso dos tratamentos endodônticos nestes doentes esteja comprometido. É importante, no entanto, que sejam desenvolvidos mais estudos de forma a caracterizar as alterações pulpares e periradiculares e a avaliar a prevalência da periodontite
apical e sua progressão em doentes com diabetes mellitus.

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Biografias Autor

Manuel Marques Ferreira, Faculdade de Medicina Dentária. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Faculty of Medicine, University of Coimbra

Eunice Carrilho, Faculdade de Medicina Dentária. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Diretor do Serviço de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo

Francisco Carrilho, Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Publicado

2014-01-08

Como Citar

1.
Ferreira MM, Carrilho E, Carrilho F. Diabetes Mellitus e sua Influência no Sucesso do Tratamento Endodôntico: Um Estudo Clínico Retrospetivo. Acta Med Port [Internet]. 8 de Janeiro de 2014 [citado 22 de Novembro de 2024];27(1):15-22. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/2089