Limiar da Viabilidade: A Perspetiva dos Neonatologistas e Obstetras Portugueses

Autores

  • Inês Pais-Cunha Serviço de Neonatologia. Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança. Unidade Local de Saúde São João. Porto.; Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Sara Peixoto Serviço de Neonatologia. Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança. Unidade Local de Saúde São João. Porto.; Serviço de Neonatologia. Hospital Pedro Hispano. Unidade Local de Saúde de Matosinhos. Matosinhos. Portugal.
  • Henrique Soares Serviço de Neonatologia. Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança. Unidade Local de Saúde São João. Porto.; Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Sandra Costa Serviço de Neonatologia. Unidade Autónoma de Gestão da Mulher e Criança. Unidade Local de Saúde São João. Porto.; Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.21473

Palavras-chave:

Idade Gestacional, Inquéritos e Questionários, Médicos, Neonatologia, Obstetrícia, Portugal, Recém-Nascido Prematuro, Tomada de Decisão

Resumo

Introdução: Os avanços em cuidados neonatais têm melhorado o prognóstico na prematuridade extrema. A idade gestacional considerada para tratamento ativo tem diminuído mundialmente. Apesar das normas de orientação clínica implementadas, vários estudos mostram variabilidade de atuação. Pretendemos investigar a perspetiva dos neonatologistas e dos obstetras portugueses sobre a atuação na prematuridade extrema.
Métodos: Questionário online divulgado através das Sociedades de Neonatologia e de Obstetrícia e Medicina Materno-Fetal, entre agosto e setembro 2023.
Resultados: Obtivemos 117 respostas: 53% neonatologistas, 18% pediatras e 29% obstetras; 62% com mais de 10 anos de experiência. A maioria (80%) conhecia o consenso do limite da viabilidade da Sociedade Portuguesa de Neonatologia e 46% utilizava-o na prática, 62% referia desconhecer as estatísticas portuguesas de morbimortalidade na prematuridade extrema. A maioria (91%) informava os pais acerca da morbimortalidade para a idade gestacional, mais frequentemente à admissão (64%) e 111 (95%) considerava a sua opinião no limite de viabilidade. Às 22 semanas de idade gestacional, 71% propunham apenas cuidados de conforto e às 25 e 26 semanas, a maioria propunha cuidados intensivos (80% e 96%, respetivamente). Observou-se menos consenso às 23 e 24 semanas. Às 24 semanas, a maioria dos obstetras oferecia cuidados intensivos com possibilidade de cuidados de conforto por opção parental (59%), enquanto os neonatologias ofereciam cuidados intensivos (65%), p < 0,001. Relativamente ao limite inferior de idade gestacional para transferência in utero, administração de corticoides, cesariana por indicação fetal, neonatologista na sala de partos e intubação endotraqueal, os neonatologistas tinham em consideração uma idade gestacional inferior à considerada pelos obstetras (23 vs 24 semanas; p = 0,036; p < 0,001; p < 0,001; p = 0,021; p < 0,001, respetivamente).
Conclusão: Verificámos diferenças na perspetiva de obstetras e neonatologistas em situações de limite de viabilidade. Os neonatologistas consideram uma idade gestacional inferior em vários cenários e propõem cuidados intensivos mais cedo. O aconselhamento na prematuridade extrema deve ser uniformizado para evitar ambiguidade, confusão parental e conflito nos cuidados perinatais.

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Publicado

2024-07-26

Como Citar

1.
Pais-Cunha I, Peixoto S, Soares H, Costa S. Limiar da Viabilidade: A Perspetiva dos Neonatologistas e Obstetras Portugueses. Acta Med Port [Internet]. 26 de Julho de 2024 [citado 22 de Novembro de 2024];37(9):617-25. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/21473

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