Infeções do Trato Urinário em Pediatria: Evolução da Etiologia e Padrões de Resistências Locais ao Longo de Três Anos
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.21630Palavras-chave:
Criança, Infeções do Trato Urinário/etiologia, Infeções do Trato Urinário/microbiologia, Infeções do Trato Urinário/tratamento farmacológico, Resistência Bacteriana a MedicamentosResumo
Introdução: As infeções do trato urinário são comuns em idade pediátrica. Conhecer a etiologia e os padrões de resistência locais é fundamental na determinação do tratamento empírico. Propusemo-nos a rever os patógenos implicados nas infeções do trato urinário, os padrões de resistência locais e o impacto do ajuste da antibioterapia de primeira-linha de acordo com as mesmas.
Métodos: Conduzimos um estudo transversal que incluiu os doentes pediátricos que realizaram urocultura num hospital do Norte de Portugal durante dois períodos: 2019 (grupo 1) e 2022 (grupo 2). Entre estes dois períodos, foi instituído um protocolo interno de atuação clínica que recomendava a utilização de cefuroxima como antibioterapia empírica de primeira linha, de acordo com a epidemiologia local. Os grupos foram comparados quanto aos uropatógenos identificados, respetivos padrões de resistência a antimicrobianos e antibioterapia empírica instituída.
Resultados: Foram identificados 402 casos de infeções do trato urinário no grupo 1 e 398 no grupo 2. A Escherichia coli (E. coli) foi o uropatógeno mais comum (79,4% - 83,3%), seguido do Proteus mirabilis e da Klebsiella spp. No grupo 1, o antimicrobiano empírico mais frequentemente selecionado foi a amoxicillina-clavulanato (A-C), enquanto no grupo 2 foi a cefuroxima (p < 0.001). A resistência mais frequentemente identificada foi à ampicilina (39.3% - 39.7%). A resistência a A-C não mostrou alterações estatisticamente significativas entre grupos (33,1% vs 27,4%, p = 0,079), tal como a resistência à cefuroxima (4,7% vs 3,3%, p = 0,292) e ao trimetoprim-sulfametoxazol (TMP-SMX) (15,2% vs 14,1%, p = 0,659). As resistências à nitrofurantoína (9,0% vs 0,3%, p < 0.001) e à fosfomicina (1,7% vs 0,3%, p < 0,036) diminuíram significativamente entre o grupo 1 e o grupo 2.
Conclusão: A E.coli mantém-se como o principal agente de infeções do trato urinário em pediatria. A resistência a A-C na nossa amostra é elevada (33,1%). A alteração de antibioterapia empírica de primeira-linha de A-C para cefuroxima resultou numa tendência de diminuição da resistência à A-C, sem aumento da resistência a cefuroxima.
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