Motivando Estudantes de Medicina: Adaptação da Escala de Motivação Académica no Âmbito da Teoria da Autodeterminação

Autores

  • Rita Matos Sousa Escola de Medicina. Universidade do Minho. Braga.
  • Nuno Gabriel Silva Gonçalves Escola de Medicina. Universidade do Minho. Braga.
  • Vítor Hugo Pereira Escola de Medicina. Universidade do Minho. Braga.
  • John Norcini Escola de Medicina. Universidade do Minho. Braga.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.21926

Palavras-chave:

Auto-Conceito, Autonomia Pessoal, Estudantes de Medicina/psicologia, Modelos Psicológicos, Motivação

Resumo

Introdução: A motivação desempenha um papel crucial no sucesso académico e no desenvolvimento profissional dos estudantes de medicina. Compreender as complexidades da motivação no contexto da educação médica é essencial para a construção de intervenções eficazes e sistemas de apoio. O objetivo deste estudo foi explorar a adaptação da Escala de Motivação Académica no âmbito da teoria da autodeterminação e da teoria da autoeficácia para avaliar a motivação entre os estudantes de medicina.
Métodos: O estudo utilizou uma metodologia rigorosa para adaptar a Escala de Motivação Académica ao contexto português, recorrendo à estrutura da teoria da autodeterminação. Duas escalas portuguesas existentes, a MATAMS e a escala de Ribeiro et al, serviram como as bases fundamentais para o processo de adaptação. O estudo incluiu entrevistas qualitativas que contribuíram para a criação da Escala de Motivação Académica para Estudantes de Medicina da Universidade do Minho – Minho-MEDAMS. Esta escala foi aplicada a 281 estudantes de medicina. Para avaliar a validade da escala, utilizámos análises fatoriais exploratória e confirmatória, e o alfa de Cronbach para medir a consistência interna.
Resultados: A análise fatorial exploratória apresentou resultados sólidos com um KMO de 0,862, resultando em cinco fatores e na remoção de dois itens. A análise fatorial confirmatória inicial indicou um ajuste inadequado, o que levou à remoção de itens com valores baixos de R-quadrado. A versão final do Minho-MEDAMS inclui 18 itens: seis para motivação intrínseca, nove para motivação extrínseca e três para desmotivação. Esta escala refinada demonstra uma elevada consistência interna (α = 0.831), tornando-se uma ferramenta fiável para avaliar a motivação dos estudantes de medicina.
Conclusão: A adaptação bem-sucedida da Escala de Motivação Académica dentro do quadro da teoria da autodeterminação apresenta um instrumento valioso para avaliar a motivação nos estudantes de medicina. A Minho-MEDAMS oferece uma compreensão abrangente das dinâmicas motivacionais, facilitando intervenções direcionadas e mecanismos de apoio para melhorar o envolvimento e o sucesso dos estudantes. A sua validade e confiabilidade tornam-na uma ferramenta prática para educadores, administradores e investigadores no campo da educação médica. No final, a Minho-MEDAMS contribui para o avanço de estratégias destinadas a cultivar profissionais de saúde motivados e proficientes.

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Publicado

2024-11-04

Como Citar

1.
Matos Sousa R, Silva Gonçalves NG, Pereira VH, Norcini J. Motivando Estudantes de Medicina: Adaptação da Escala de Motivação Académica no Âmbito da Teoria da Autodeterminação. Acta Med Port [Internet]. 4 de Novembro de 2024 [citado 22 de Novembro de 2024];37(11):757-66. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/21926

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