Determinantes da Gravidez na Adolescência no Município de Malanje, em Angola: Um Estudo Caso-Controlo
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.22407Palavras-chave:
Angola, Comportamento Sexual, Fatores Sociodemográficos, Gravidez na AdolescênciaResumo
Introdução: A gravidez na adolescência é um problema global de saúde pública, com taxas mais elevadas na África Subsariana. Este fenómeno contribui para mortalidade materna e neonatal e pode ter diversas consequências económicas e psicológicas. O conhecimento dos seus determinantes pode ajudar os decisores políticos no desenho de políticas locais de saúde sexual e reprodutiva. O presente estudo teve como objetivo analisar os fatores determinantes da gravidez na adolescência no município de Malanje, em Angola.
Métodos: Um estudo de caso-controlo realizado entre agosto e outubro de 2022. Uma amostra de 411 mulheres adolescentes (137 gestantes e 274 não gestantes) foi comparada quanto a fatores sociodemográficos, comportamentais, familiares e extrafamiliares. Foram aplicadas estatística descritiva e análises por regressão logística binária univariada e multivariada, com significância estatística quando p ≤ 0,05.
Resultados: A análise multivariada demostrou que para as mulheres de 15 - 17 anos de idade, um risco mais elevado de gravidez na adolescência estava associada a estados civis de união de facto ou casada (ORA = 10,37; 95% IC = 1,05 - 102,83), ter 0 - 4 (ORA = 7,40; 95% IC = 1,25 - 43,77) ou 5 - 8 anos de escolaridade (ORA = 5,21; 95% IC = 1,25 - 21,77), enquanto um risco mais baixo estava relacionado com história familiar de gravidez na adolescência (ORA = 0,30; 95% IC = 0,11 - 0,80). Para as mulheres entre 18 - 19 anos de idade, um risco mais elevado de gravidez estava associado a início precoce da atividade sexual (ORA = 3,75; 95% IC = 1,05 - 13,43), múltiplos parceiros sexuais (ORA = 3,02; 95% IC = 1,23 - 7,44), enquanto um risco mais baixo estava associado a pressão dos pares (ORA = 0,35; 95% IC = 0,15 - 0,82). Em ambos os grupos, a probabilidade de engravidar foi significativamente aumentada para uso irregular ou não uso de contracetivos.
Conclusão: Em Malanje, a gravidez na adolescência é um fenómeno multifatorial e as estratégias preventivas devem ter em conta idade das adolescentes. Nas adolescentes com idades entre os 15 e 17 anos é importante reduzir o casamento precoce, através da promoção da educação e da criação de leis específicas. Nas adolescentes mais velhas, as estratégias preventivas devem estar focadas nos comportamentos de risco, como o início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros. Deve ser promovida a educação sexual incluindo conhecimentos sobre métodos contracetivos.
Downloads
Referências
World Health Organization. Adolescent pregnancy. 2023. [cited 2023 Jun 12]. Available from: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/ detail/adolescent-pregnancy.
World Health Organization. The global health observatory: adolescent birth rate (per 1000 women). 2024. [cited 2024 Sep 18]. Available from: https://www.who.int/data/gho/data/indicators/indicator-details/GHO/ adolescent-birth-rate-(per-1000-women-aged-15-19-years).
Eyeberu A, Getachew T, Sertsu A, Sisay M, Baye Y, Debella A, et al. Teenage pregnancy and its predictors in Africa: a systematic review and meta-analysis. Int J Health Sci. 2022;16:47-60.
United Nations Population Fund Angola. Annual report: summary of main activities and results. 2020. [cited 2023 May 08]. Available from: https://angola.unfpa.org/en/publications/unfpa-angola-2020-annualreport- activities-and-results.
Asmamaw DB, Tafere TZ, Negash WD. Prevalence of teenage pregnancy and its associated factors in high fertility sub-Saharan Africa countries: a multilevel analysis. BMC Womens Health. 2023;23:23.
Vogel JP, Fawole B, Adeniran AS, Adegbola O, Oladapo OT. Millennium development goal 5 and adolescents: looking back, moving forward. Arch Dis Child. 2015;100:S43-7.
World Health Organization. Health in 2015: from millenium development goals to sustainable development goals. 2015. [cited 2023 May 08]. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789241565110.
Grønvik T, Fossgard Sandøy I. Complications associated with adolescent childbearing in Sub-Saharan Africa: a systematic literature review and meta-analysis. PLoS One. 2018;13:e0204327.
Indarti J, Al Fattah AN, Dewi Z, Hasani RD, Mahdi FA, Surya R. Teenage pregnancy: obstetric and perinatal outcome in a tertiary centre in Indonesia. Obstet Gynecol Int. 2020;2020:1-5.
Pietras J, Jarząbek-Bielecka G, Mizgier M, Markowska A. Adolescent pregnancy – medical, legal and social issues. J Matern Fetal Neonatal Med. 2024;37:1-5.
Ganchimeg T, Ota E, Morisaki N, Laopaiboon M, Lumbiganon P, Zhang J, et al. Pregnancy and childbirth outcomes among adolescent mothers: a World Health Organization multicountry study. BJOG: Int J Obstet Gynaecol. 2014:121;S40-8.
Wu H, Zhao M, Liang Y, Liu F, Xi B. Maternal age at birth and neonatal mortality: associations from 67 low-income and middle-income countries. Paediatr Perinat Epidemiol. 2021;35:318-27.
Ochieng Arunda M, Agardh A, Larsson M, Asamoah BO. Survival patterns of neonates born to adolescent mothers and the effect of pregnancy intentions and marital status on newborn survival in Kenya, Uganda, and Tanzania, 2014–2016. Glob Health Action. 2022;15:2101731.
Leftwich HK. Alves MV. Adolescent pregnancy. Pediatr Clin North Am. 2017;64:381-8.
Mutahi J, Larsen A, Cuijpers P, Peterson SS, Unutzer J, McKay M, et al. Mental health problems and service gaps experienced by pregnant adolescents and young women in Sub-Saharan Africa: a systematic review. EClinicalMedicine. 2022;44:101289.
Yakubu I, Salisu WJ. Determinants of adolescent pregnancy in sub- Saharan Africa: a systematic review. Reprod Health. 2018;15:15.
Mekonen EG. Pooled prevalence and associated factors of teenage pregnancy among women aged 15 to 19 years in sub-Saharan Africa: evidence from 2019 to 2022 demographic and health survey data. Contracept Reprod Med. 2024;9:26.
Kefale B, Yalew M, Damtie Y, Adane B. A multilevel analysis of factors associated with teenage pregnancy in Ethiopia. Int J Womens Health. 2020;12:785-93.
Ochen AM, Chi PC, Lawoko S. Predictors of teenage pregnancy among girls aged 13–19 years in Uganda: a community based case-control study. BMC Pregnancy Childbirth, 2019;19:211.
Moshi FV, Tilisho O. The magnitude of teenage pregnancy and its associated factors among teenagers in Dodoma Tanzania: a communitybased analytical cross-sectional study. Reprod Health. 2023;20:28.
Mbulu CO, Yang L, Wallen GR. Adolescent pregnancy persists in Nigeria: does household heads’ age matter? PLOS Glob Public Health. 2024;4:e0003212.
Ayele BG, Gebregzabher TG, Hailu TT, Assefa BA. Determinants of teenage pregnancy in Degua Tembien District, Tigray, Northern Ethiopia: a community-based case-control study. PLoS One. 2018;13:e0200898.
Chung HW, Kim EM, Lee JE. Comprehensive understanding of risk and protective factors related to adolescent pregnancy in low- and middleincome countries: a systematic review. J Adolesc. 2018;69:180-8.
Chitumba HO, Nungulo VN, Kahuli CN. Perfil das adolescentes grávidas atendidas no centro de saúde materno-infantil da mineira (Huambo, Angola). Rev Port Inv Comport Soc. 2022;8:1-15.
Gembi FT. Gravidez na adolescência em contexto angolano: estudo acerca dos fatores de risco e de proteção, em enfoque no funcionamento familiar. Coimbra: Universidade de Coimbra; 2012. [cited 2024 Sep 18]. Available from: https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/26167?locale=pt.
Vundule C, Maforah F, Jewkes R, Jordaan E. Risk factors for teenage pregnancy among sexually active black adolescents in Cape Town. A case control study. S Afr Med J. 2001;91:73-80.
United Nations Children’s Fund. Report on the regional forum on adolescent pregnancy, child marriage and early union in south-east Asia and Mongolia. 2018. [cited 2022 Jan 10]. Available from: https://www. unicef.org/eap/media/3696/file/Adolescent%20pregnancy.pdf.
Bhona FM, Gebara CF, Noto AR, Vieira MD, Lourenço LM. Interrelações da violência no sistema familiar: estudo domiciliar em um bairro de baixa renda. Psicol Reflex Crit. 2014;27:591-8.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Acta Médica Portuguesa
Este trabalho encontra-se publicado com a Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0.
Todos os artigos publicados na AMP são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative Commons ‘Atribuição – Uso Não-Comercial – (CC-BY-NC)’.
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc., de outras publicações. Após a aceitação de um artigo, os autores serão convidados a preencher uma “Declaração de Responsabilidade Autoral e Partilha de Direitos de Autor “(http://www.actamedicaportuguesa.com/info/AMP-NormasPublicacao.pdf) e a “Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse” (http://www.icmje.org/conflicts-of-interest) do ICMJE. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Após a publicação, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons