Utilização do ChatGPT para Aconselhamento e Literacia sobre a Infeção pelo VIH

Resumo

Introdução: A inteligência artificial é uma área que tem transformado todos os setores da nossa sociedade. Uma destas ferramentas é o ChatGPT (chat generative pre-trained transformer), uma plataforma baseada em large language models, desenvolvida para compreender padrões de linguagem e gerar respostas. As respostas em tempo real, a acessibilidade e a privacidade tornam o ChatGPT uma plataforma com um enorme potencial para o aconselhamento em saúde. Este estudo pretendeu explorar o potencial do ChatGPT no aconselhamento e literacia sobre a infeção por VIH e sobre a profilaxia de pré-exposição (PrEP).
Métodos: Uma equipa de 5 especialistas em doenças infeciosas foi consultada quanto às 5 questões mais frequentemente colocadas sobre o diagnóstico inaugural de infeção por VIH e sobre a PrEP. As questões foram colocadas à plataforma e a qualidade das respostas foram posteriormente avaliadas, numa escala de Likert de 1 a 5 (de ‘discordo totalmente’ a ‘concordo totalmente’) quanto à sua precisão, clareza, relevância, profundidade, objetividade, concisão, atualidade e adequação ao público-alvo.
Resultados: As perguntas mais frequentemente colocadas no âmbito do diagnóstico inaugural e a média das avaliações das respetivas respostas foram: “Qual o impacto da infeção por VIH na minha qualidade e esperança média de vida?” (4,25), “Terei de tomar medicação antirretrovírica para sempre ou a infeção por VIH tem cura?” (4,35), “Como evitar a transmissão da minha infeção (VIH) a outras pessoas?” (4,03), “Quais os efeitos adversos da terapêutica antirretrovírica?” (3,53) e “Posso ter relações sexuais desprotegidas (tendo infeção por VIH)?” (4,53). As questões colocadas no âmbito da PrEP foram: “A PrEP é uma medicação segura?” (4,58), “Quais as modalidades de PrEP?” (4,63), “Depois de começar a PrEP, tenho de fazer sempre?” (3,95), “Quais os efeitos adversos da PrEP?” (4,63/5) e “A PrEP protege contra outras infeções sexualmente transmissíveis ou tenho de usar preservativo?” (4,60).
Conclusão: Apenas duas respostas tiveram uma avaliação inferior a quatro pontos numa escala de Likert de 1 a 5, sendo isto um reconhecimento do potencial desta ferramenta no aconselhamento e literacia em saúde, desde que as preocupações éticas e legais sejam devidamente abordadas.