Malária Importada em Portugal: Uma Análise Retrospetiva de um Hospital Público Terciário
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.23694Palavras-chave:
Doenças Transmissíveis Importadas/epidemiologia, Emigrantes e Imigrantes, Imunidade, Malária/epidemiologia, PortugalResumo
A malária importada continua a representar um desafio clínico e de saúde pública em países não endémicos. Este estudo retrospetivo analisou todos os casos de malária diagnosticados em adultos nos Hospitais da Universidade de Coimbra, entre 2020 e 2024, com o objetivo de caracterizar o perfil epidemiológico, avaliar o impacto da história prévia de malária e identificar biomarcadores associados à severidade da doença. Foram incluídos 88 doentes, maioritariamente homens expatriados, expostos sobretudo em Angola, dos quais 52,3% apresentava história prévia de malária. Classificaram-se 25.0% dos casos como malária severa, sendo esta mais frequente nos doentes sem história prévia (p = 0,027). Nestes, os níveis de creatinina (p = 0,009) e desidrogenase lática (p = 0,038) foram significativamente mais elevados, sugerindo maior risco de complicações. Ureia e parasitémia mostraram associação independente com a duração do internamento (p < 0,001 e p = 0,016, respetivamente), utilizadas como marcadores indiretos de gravidade. Estes dados apoiam a hipótese de semi-imunidade em doentes previamente expostos e realçam o potencial de marcadores laboratoriais na estratificação do risco clínico. A vigilância contínua e estratégias de prevenção dirigidas a viajantes não imunes e semi-imunes permanecem essenciais, especialmente em países como Portugal, onde a reintrodução da malária pode ser uma preocupação real.
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