Programa Nacional de Vigilância da Gripe: Resultados da Atividade Gripal em Portugal na Época 2010/2011
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.286Resumo
Introdução: A vigilância epidemiológica da gripe, doença associada a uma elevada mortalidade em idosos e indivíduos pertencentes a grupos de risco, é essencial para a caraterização das epidemias de gripe bem como para a monitorização da ocorrência de surtos e do surgimento de estirpes virais resistentes aos antivirais.
Material e Métodos: No presente estudo analisaram-se os dados da vigilância epidemiológica da gripe durante o Inverno de 2010/2011. Os dados clínicos, epidemiológicos e virológicos referentes aos casos de síndroma gripal foram recolhidos através do Programa Nacional de Vigilância da Gripe, coordenado pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe (LNRVG) em colaboração com o Departamento de Epidemiologia (DEP) do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e com a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Resultados: A análise dos dados recolhidos mostra que, durante a época de inverno de 2010/2011, a atividade gripal foi moderada/alta com um período epidémico de 8 semanas, entre as semanas 50/2010 e 5/2011, com um pico de 121,12 casos por 100 000 habitantes na semana 52/2010.
Discussão: Os vírus influenza do tipo B (linhagem Victoria) predominaram no início da época até à semana 1/2011, altura em que passaram a predominar os vírus influenza A(H1)pdm09. A maior proporção de casos de gripe foi encontrada no grupo etário das crianças entre os 5 e os 14 anos de idade. Os vírus caracterizados quer antigénica quer geneticamente, foram semelhantes às estirpes incluídas na vacina da gripe sazonal de 2010/2011, apresentando algumas substituições de aminoácidos em locais antigenicamente importantes. A maioria das estirpes do vírus A(H1)pdm09 permanecem ainda sensíveis ao oseltamivir e ao zanamivir, tendo sido detetados alguns casos esporádicos de vírus resistentes ao oseltamivir. Até à data, o LNRVG detetou a existência da substituição H275Y no gene da neuraminidase, associada à resistência ao oseltamivir, em 3 vírus A(H1)pdm09 analisados. Para um deles, a resistência ao oseltamivir foi confirmada por ensaios fenotípicos.
Conclusão: Apesar do receio associado à emergência de um novo vírus pandémico (rápida dispersão, elevada morbilidade e mortalidade), as características clínicas e epidemiológicas da infeção pelo vírus influenza A(H1)pdm09, revelaram-se, no decorrer de duas épocas (2009/2010 e 2010/2011), muito semelhantes às da gripe sazonal, sendo no entanto de salientar que na época da pandemia (2009/2010) ao vírus da gripe A(H1N1)pdm09 estiveram ligadas características particulares no que diz respeito à sua distribuição temporal, aos grupos etários mais afetados, aos casos de infecção grave e de óbito e fatores de risco associados.
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