O hipertenso em regime ambulatório. Análise de 1238 fichas de consulta externa.
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.3898Resumo
Foi feita a revisão de 1238 fichas de hipertensos observados na Consulta de Hipertensão Arterial do Hospital de Santa Maria (Medicina 1 - Núcleo de Estudos de Hipertensão Arterial), de 1971-78 com o intuito de se fazer uma reavaliação dos cuidados prestados numa consulta com sobrepopulação crescente. 543 pertenciam ao sexo masculino e 695 ao feminino e as idades variaram entre os 14 e os 79 anos. 58 % dos hipertensos não moravam em Lisboa. A pressão sistólica subiu progressivamente com a idade e a diastólica comportou-se de igual modo até ao grupo etário de 50-59 anos descendo depois ligeiramente. As cefaleias e tonturas foram os sintomas mais frequentemente referidos. Houve uma percentagem apreciável de hipertensos que referiram baixa de acuidade visual como sintoma principal. Foi avaliada a etiologia em 1069 casos predominando amplamente a hipertensão essencial (88,3 %). Das hipertensões secundárias a mais frequente foi a doença parenquimatosa renal. A repercussão sobre o SNC foi a mais vezes avaliada (93 %) sendo a retiniana a que menos vezes o foi (63,4 %), principalmente nos grupos etários mais velhos. Houve uma proporção semelhante de casos com retinopatia de grau 3 ou 4 (hipertensão acelerada) e com repercussão renal 3 ou 4 (insuficiência renal). Apenas 36 % dos hipertensos não apresentaram repercussão cardíaca. Foram observados 226 hipertensos com pressão diastólica > 130 mm Hg o que define hipertensão grave. 589 hipertensos tinham registos de 3 ou mais consultas. Os valores tensionais baixaram da primeira para a última consulta muito significativamente: de 184 ± 32,8 mm Hg (P. S.) e 114± 16,5 mm Hg (P. D.) para 167 ± 28,6 mm Hg e 105± 15,6 mm Hg no sexo masculino e de 193 ± 35,0 mm Hg (P. S.) e 114± 17,5 mm Hg (P. D.) para 171 ± 32,6 mm Hg e 104± 17,0 mm Hg no sexo feminino. Foi conseguida normalização da pressão sistólica e diastólica (P. S. <160 mm Hg e P. D. <95 mm Hg) em 23 % dos casos, tendo havido em 68 % normalização pelo menos de uma delas. Registou-se agravamento indubitável do ECG num grupo de doentes em que os valores tensionais não se modificaram significativamente com a terapêutica. Verificou-se melhoria da função renal com a terapêutica em 54 % dos casos de insuficiência renal, com normalização em 50 %. Os diuréticos foram os fármacos mais frequentemente receitados, logo seguidos pela metildopa, tanto na primeira como na última consulta, sendo os β-bloqueantes aqueles cuja prescrição subiu mais acentuadamente na última consulta. Os resultados conseguidos foram positivos, apesar da sobrepopulação da consulta. É desejável reduzir o número de doentes ambulatórios que a ela recorrem, selecionando os casos que verdadeiramente necessitam de uma consulta especializada deste tipo.
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