Perfil do Hiperfrequentador nos Cuidados de Saúde Primários
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.4007Resumo
Introdução: A problemática dos hiperfrequentadores nos Cuidados de Saúde Primários tem impacto humano, económico e social não desprezível. O objetivo deste trabalho é descrever as características sociodemográficas e patológicas dos utentes hiperfrequentadores. Material e Métodos: Foi efetuado um estudo transversal descritivo, com componente analítica, da população de utentes hiperfrequentadores inscrita nas listas de seis médicos de família do Centro de Saúde da Senhora da Hora, entre Janeiro de 2007 e Dezembro de 2009. Obtiveram-se dados sociodemográficos e antecedentes patológicos crónicos. Foram testadas associações entre variáveis com os testes χ-quadrado e t student. Comparou-se o quartil superior dos hiperfrequentadores com os restantes quartis. O nível de significância adotado foi 0,05. Resultados: Dos 582 indivíduos avaliados, com média de idades 55,4 anos (mulheres 54,3 e homens 58,6; p = 0,006), 85% possuíam patologia física crónica e 42% tinham doença psiquiátrica crónica. No quartil superior observou-se uma prevalência superior de doença psiquiátrica crónica (p < 0,001), bem como de patologia múltipla (p = 0,01), comparativamente à restante população. Os indivíduos com doença física eram mais velhos (idade média: 58,0 anos vs 40,1 anos; p < 0,001) enquanto que aqueles com doença psiquiátrica crónica eram mais novos (idade média 53,7 anos vs 56.6; p = 0,035). Discussão: Foi traçado um perfil do hiperfrequentador concordante com a literatura internacional, numa altura em que não há estudos nos cuidados de saúde primários portugueses. Com o intuito de discriminar os hiperfrequentadores entre si, foi feita a comparação do quartil superior dos hiperfrequentadores com os restantes. Algumas características parecem estar mais associadas ao hiperfrequentador, como a idade avançada, a baixa escolaridade e a presença de patologia psiquiátrica. Conclusão: O hiperfrequentador típico do Centro de Saúde da Senhora da Hora é um indivíduo do género feminino, na sexta década de vida, com baixa escolaridade, casado ou em união de facto, que pertence a uma família nuclear, geralmente com doença crónica. O conhecimento destes utentes permitirá delinear estratégias que conduzam a uma utilização de cuidados de saúde com melhor relação custo-efectividade. Este estudo lança linhas de orientação para futuros estudos sobre esta população tão importante.
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