Avaliação da Via Verde do Acidente Vascular Cerebral no Norte de Portugal: Caracterização e Prognóstico dos Utilizadores

Autores

  • Mariana Moutinho Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Rui Magalhães UNIFAI, Departamento de Estudos de Populações, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Manuel Correia Serviço de Neurologia. Centro Hospitalar do Porto. Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • M Carolina Silva UNIFAI, Departamento de Estudos de Populações, Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar. Universidade do Porto. Porto. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.4103

Resumo

Introdução: Em 2002 Portugal detinha uma das mais altas taxas de mortalidade por doenças cerebrovasculares entre os países europeus. Várias estratégias foram adoptadas para melhorar a prevenção da doença e o seu tratamento na fase aguda, entre as quais a criação da Via Verde do Acidente Vascular Cerebral. O objectivo deste trabalho é descrever a utilização e resultados desta estratégia no contexto de um registo prospectivo comunitário na Região Norte de Portugal. Material e Métodos: Foram registados todos os AVCs ocorridos entre 1 de Outubro de 2009 e 30 de Setembro de 2010 nos utentes inscritos no agrupamento de centros de saúde do Porto Ocidental e nos de Mirandela e Vila Pouca de Aguiar. Para a detecção de casos utilizaram-se múltiplas fontes de informação: notificação via WEB, e-mail, Alerta P1 e pesquisas sistemáticas em registos disponibilizados pelas entidades envolvidas - urgências hospitalares, listas de altas, procedimentos de diagnóstico, óbitos, Via Verde do Acidente Vascular Cerebral e serviço de atendimento de situações urgentes. Resultados: Ocorreram 600 AVCs em 241 000 habitantes (taxa de incidência de 250 / 100 000), dos quais 434 foram primeiros na vida (180 / 100 000). Foram registados 72 acessos à Via Verde do Acidente Vascular Cerebral, dos quais 66,7% foram diagnosticados como AVC. Considerando os quatro critérios de activação (idade ≤ 80 anos, independência funcional, sinais/sintomas do AVC e tempo após episódio ≤ 3 horas), só 15,9% dos doentes a poderiam utilizar e, dos utilizadores, apenas 56,3% satisfaziam esses critérios. Dos doentes com critérios de activação, foram internados 96,3% pela VV pré-hospitalar, 83,3% pela VV intra/inter-hospitalar e 64,0% dos restantes; a fibrinólise foi realizada em 77,3%, 36,4% e 17,4% dos doentes com enfarte cerebral, respectivamente. O Rankin pós- AVC é mais grave nos utilizadores da VV pré-hospitalar (70,3% vs. 35,3%), mas estes apresentam mais assiduamente os três sinais/ sintomas de AVC (44,4% vs. 16,2%). Ajustando para a idade, sexo e número de sinais, o risco de incapacidade grave pós-AVC não é significativamente diferente no acesso pela VV pré-hospitalar (RP = 2,9; IC 95%: 0,8 - 10,2), bem como a taxa de letalidade. Conclusões: Os critérios para activação da Via Verde do Acidente Vascular Cerebral são muito restritivos. Embora esta seja mais vezes accionada em situações clínicas graves, a proporção de doentes que realizou fibrinólise é relativamente alta em comparação com outros estudos.

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Como Citar

1.
Moutinho M, Magalhães R, Correia M, Silva MC. Avaliação da Via Verde do Acidente Vascular Cerebral no Norte de Portugal: Caracterização e Prognóstico dos Utilizadores. Acta Med Port [Internet]. 31 de Maio de 2013 [citado 23 de Novembro de 2024];26(2):113-22. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/4103

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