Alergia de Contacto a Metais num Período de 20 Anos no Centro de Portugal: Implicações das Directivas Europeias

Autores

  • Vera Teixeira Serviço de Dermatologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Inês Coutinho Serviço de Dermatologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Margarida Gonçalo Serviço de Dermatologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.4112

Resumo

Introdução: Os metais são causa frequente de dermatite de contacto alérgica. Desde a introdução da Directiva Comunitária do Níquel (1994/27/CE; 2004/96/CE) e, mais recentemente, da Directiva do Cimento (2003/53/CE), nos países nórdicos tem havido uma diminuição da sensibilização aos metais. A aplicabilidade destas medidas e o seu impacto permanece por avaliar em Portugal.
Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo (1992-2011) na Consulta de Alergologia Cutânea com o principal objectivo de analisar a variação dos padrões de sensibilização aos metais (níquel [Ni], cobalto [Co] e crómio [Cr]) ao longo de 20 anos, em particular no que se refere ao género, grupo etário e relação com a actividade profissional.
Resultados: Do total de 5 250 doentes estudados, em 1 626 (31%) observámos pelo menos um teste epicutâneo positivo a um metal (26,5% ao Ni; 10,0% ao Co e 7,0% ao Cr). A prevalência de sensibilização ao Ni era significativamente maior nas mulheres (34,4% versus 8,9%) e ao Cr nos homens (11,5% versus 5,0%). Não houve diminuição significativa da sensibilização ao Ni ao longo dos 20 anos, mas o contributo da faixa etária dos 16-30 anos no total de mulheres sensíveis a este metal decresceu de forma significativamente estatística ao longo dos anos (p < 0,001). A sensibilização ao Cr decresceu sobretudo nos homens (r = -0,535), muito particularmente
nos casos relacionados com a construção civil (r = -0,639), enquanto a reatividade ao Cr relacionado com o uso de calçado
se manteve estável.
Discussão: A manutenção dos elevados níveis de sensibilização ao níquel denota ainda uma fraca implementação das Directivas
comunitárias mas a redução da percentagem de mulheres jovens poderá significar já algum efeito positivo nesta faixa etária. Ao contrário, a Directiva referente à redução do Cr no cimento parece estar a ter os seus efeitos positivos. Há, contudo, necessidade de interferir com o conteúdo em Cr no couro natural utilizado no calçado.
Conclusões: A regulamentação da implementação de medidas interventivas relacionadas quer com o fabrico e comércio de adornos quer a nível profissional permitirá uma melhor protecção da população da alergia aos metais.
Palavras-chave: Dermatite de Contacto Alérgica; Metais; Níquel; Cobalto; Crómio; Testes Epicutâneos; Portugal; União Europeia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Vera Teixeira, Serviço de Dermatologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Inês Coutinho, Serviço de Dermatologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Margarida Gonçalo, Serviço de Dermatologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Publicado

2014-06-30

Como Citar

1.
Teixeira V, Coutinho I, Gonçalo M. Alergia de Contacto a Metais num Período de 20 Anos no Centro de Portugal: Implicações das Directivas Europeias. Acta Med Port [Internet]. 30 de Junho de 2014 [citado 19 de Maio de 2024];27(3):295-303. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/4112

Edição

Secção

Original