Estudo Epidemiológico dos Locais de Morte em Portugal em 2010 e Comparação com as Preferências da População Portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.429Resumo
Introdução: No contexto de um envelhecimento acentuado da população e aumento da mortalidade por doenças crónicas, este estudo epidemiológico nacional compara os locais onde as pessoas morrem com as preferências da população.
Material e Métodos: Dados de óbitos em 2010 por género, grupo etário, região de residência (NUTS II) e local de morte (hospital/clínica, domicílio e outro), em pessoas com 16 anos ou mais, foram cedidos pelo Instituto Nacional de Estatística. Dados de preferências da população para local de morte obtiveram-se em 2010 através do inquérito telefónico PRISMA. Compara-se a distribuição de óbitos por local de morte com as preferências da população, segundo variáveis independentes, através de análise descritiva e inferencial.
Resultados: Dos 105 471 óbitos que ocorreram em Portugal em 2010, 61,7% deram-se em hospitais/clínicas e 29,6% no domicílio. Dos 1 286 residentes em Portugal que participaram no inquérito PRISMA, 51,2% expressaram preferência por morrer em casa, 35,7% escolheram uma unidade de cuidados paliativos, 8,9% o hospital e 2,2% lar ou residência.
Discussão e Conclusão: Existe um desfasamento substancial entre a realidade e preferências para local de morte em Portugal. Para ir ao encontro destas preferências é prioridade nacional desenvolver serviços de cuidados paliativos domiciliários, que previnam o aumento de óbitos hospitalares e que apoiem a morte em casa, com qualidade e respeitando preferências individuais. Recomenda-se a alteração das categorias de local de óbito no certificado oficial, com inclusão das opções ‘unidade de cuidados paliativos’ e ‘lar ou residência’, dado que as preferências dos cidadãos distinguem claramente entre estes locais.
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