Avaliação da Obesidade e Obesidade Abdominal em Crianças Portuguesas

Resumo

Introdução: A obesidade infantil tornou-se um grave problema de saúde pública nos países desenvolvidos, que frequentemente transita para a vida adulta. Este estudo teve como objetivo avaliar a prevalência da obesidade e a distribuição da gordura abdominal em crianças Portuguesas dos 6 aos 12 anos de idade provenientes da região centro de Portugal, fornecendo novos dados acerca da epidemiologia, prevalência e tendência na evolução da obesidade.

Métodos: Numa amostra aleatória de 1.433 crianças (747 raparigas e 686 rapazes) de escolas públicas, foram medidos o peso, a altura e a circunferência da cintura em 2011. Foram utilizados os critérios do International Obesity Task Force (IOTF) para definir excesso de peso e obesidade. A obesidade abdominal foi estimada com base na circunferência da cintura utilizando o percentil ≥ 90 específico para o sexo e a idade, bem como a relação cintura/altura.

Resultados: A prevalência de excesso de peso/obesidade obtida nas crianças Portuguesas foi de 33,0%; 10,7% eram obesas. A prevalência de excesso de peso foi significativamente mais elevada nos rapazes do que nas raparigas (p = 0,044), não tendo sido encontradas diferenças significativas entre sexos para a obesidade (10,6% nos rapazes e 10,7% nas raparigas, p = 0,571). A prevalência de obesidade abdominal com base na circunferência da cintura foi semelhante nas raparigas e nos rapazes (3,8% vs. 3,9%, respetivamente; p = 0,924), mas significativamente maior nos rapazes do que nas raparigas com base no ratio cintura/altura (28,1% vs. 19,4%, respetivamente; p = 0,009). Quando comparados com estudos previamente publicados, estes dados revelam um ligeiro aumento no excesso de peso e obesidade nas crianças da região centro de Portugal nos últimos 10 anos, atingindo valores de prevalência à volta dos 40,0% na faixa etária dos 7 a 9 anos de idade.

Conclusão: Com este estudo concluímos que a prevalência de excesso de peso/obesidade e obesidade abdominal é muito elevada entre as crianças de origem Portuguesa seguindo a tendência de outros países do sul da Europa. Assim, torna-se urgente e indispensável o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento.