Resumo da Revisão Cochrane
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.4798Resumo
Objectivos: Esta revisão sistemática destinou-se a determinar os efeitos sobre a mortalidade e morbilidade do rastreio do cancro da mama com mamografia em mulheres de risco baixo e em cuidados primários.Material e Métodos: Foram pesquisadas duas bases de dados - PubMed (Novembro 2012) e a World Health Organization’s International Clinical Trials Registry Platform (Novembro 2012) – para identificação de ensaios clínicos aleatorizados, prospectivos e controlados (Randomized Clinical trials – RCTs) comparando o rastreio com a não realização do rastreio. A extracção dos dados foi feita por dois investigadores que contactaram, quando necessário, os autores dos estudos para informação adicional.
Resultados: Foram identificados 8 RCTs cujas amostras somaram 600 000 mulheres com idades entre 39-74 anos. Os resultados agregados dos ensaios de melhor qualidade metodológica (baixo risco de viés de selecção) não detectaram diferenças na mortalidade por cancro da mama aos 7 (risco relativo [RR] = 0,93; Intervalo de Confiança [IC] 95%: 0,79-1,09) ou aos 13 anos (RR = 0,90; IC 95%: 0,79-1,02). Os resultados agregados dos ensaios com maior risco de viés de selecção (por possível aleatorização inadequada) mostraram reduções significativas na mortalidade por cancro da mama aos 7 (RR = 0,71; IC95%: 0,61-0,83) e aos 13 anos (RR = 0,75; IC95%: 0,67-0,83). Não se verificou heterogeneidade entre os resultados dos estudos. Os resultados dos estudos de melhor e
pior qualidade metodológica foram semelhantes para as mulheres com menos e com mais de 50 anos de idade. Quer os resultados dos estudos de melhor qualidade, quer os resultados dos estudos com maior risco de viés, não encontraram diferenças na mortalidade oncológica (por todos os tipos de cancro) nem na mortalidade global, quer aos 7, quer aos 13 anos. Devido a deficiente classificação das causas de morte nas amostras dos RCTs, a mortalidade por cancro da mama revelou-se um resultado (outcome) enviesado a favor do rastreio. O número total de lumpectomias e mastectomias foi significativamente superior nos grupos rastreados (RR=1,31,
IC95%: 1,22-1,42); no que se refere às mastectomias, os valores foram também mais altos: RR=1,20 (IC95%: 1,08-1,32). Verificou-se ainda uma utilização mais intensiva de radioterapia nos grupos rastreados (dados de 2 RCTs).
Conclusões: Estes resultados indicam que não está demonstrado que o rastreio do cancro da mama com mamografia tenha um
benefício-risco favorável em mulheres de baixo risco rastreadas em cuidados primários.
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