Traumatismo Crânio-Encefálico em Portugal: Tendências em Doentes Internados de 2000 a 2010
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.4892Resumo
Introdução: O traumatismo crânio-encefálico tem um impacto sócio-económico considerável, sendo uma importante causa de mobimortalidade, frequentemente causador de incapacidade permanente. Procuramos caracterizar a utilização dos recursos de saúde de adultos com traumatismo crânio-encefálico em Portugal entre 2000-2010.Material e Métodos: Estudo retrospectivo de registos de adultos com código ICD9 de traumatismo crânio-encefálico incluídos na Base-de-Dados Nacional de Grupos Diagnósticos Homogéneos de 2000-2010. Realizamos uma análise estatística descritiva e avaliamos as tendências durante a década.
Resultados: Analisamos 72 865 admissões em 111 hospitais, 64,1% do sexo masculino, idade média de 57,9 ± 21,8 anos (18-107). Encontramos uma diminuição no número de traumatismo crânio-encefálico em pacientes jovens e um aumento nos mais velhos. O número de acidentes de trânsito diminuiu e o número de quedas aumentou. Houve um aumento de traumatismos crânio-encefálicos moderados-graves internados: 47,2% em 2000 / 80% em 2010. O número de admissões em Cuidados Intensivos quase duplicou (15,8% vs 29,5%), assim como o número de procedimentos neurocirúrgicos efectuados (8,2% vs 15,2%). A mortalidade total aumentou de 7,1% para 10,6%.
Discussão: A diminuição do traumatismo crânio-encefálico observada pode estar associada com as campanhas de prevenção rodoviária, melhoria da rede rodoviária e políticas de saúde. O aumento da mortalidade poderá ser explicado pelo melhor atendimento pré-hospitalar, permitindo que casos mais graves cheguem ao hospital com vida e, embora tratados com mais frequência em Cuidados Intensivos e exigindo procedimentos neurocirúrgicos, vêm a falecer. Por outo lado, o aumento da idade dos doentes presumivelmente com maiores co-morbilidades associadas ao envelhecimento também estará a contribuir para a maior mortalidade.
Conclusão: O traumatismo crânio-encefálico em Portugal está a mudar. Embora as admissões hospitalares por traumatismo crânioencefálico tenham diminuído, a mortalidade aumentou.
Palavras-chave: Unidades de Cuidados Intensivos; Traumatismos Crânio-Encefálico; Hospitalização; Portugal.
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