Depressão e Ansiedade após Estimulação Cerebral Profunda na Doença de Parkinson: Revisão Sistemática e Meta-Análise
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.4928Resumo
Introdução: A estimulação cerebral profunda (ECP) é eficaz na doença de Parkinson (DP) avançada, melhorando sintomas motores, flutuações e a qualidade de vida. No entanto, têm sido reportados efeitos adversos psiquiátricos, mas de uma forma variável e não padronizada. O objectivo deste artigo é analisar e sumarizar a evidência publicada sobre sintomas depressivos e ansiedade em doentes com DP após ECP, através de revisão sistemática e meta-análise.Material e Métodos: A PubMed foi pesquisada até Maio 2012 para identificar os estudos que avaliaram sintomas depressivos e
ansiedade em doentes com doença de Parkinson submetidos a estimulação cerebral profunda bilateral do núcleo subtalâmico (NST) ou globo pálido interno (GPi). Foram feitas meta-análises com modelo de efeitos aleatórios para grupos de pelo menos três estudos homogéneos em relação ao desenho e instrumentos utilizados.
Resultados: Foram selecionadas 63 referências; 98,4% continham dados relativos a escalas de avaliação de depressão e 38,1% relativos a ansiedade. Dois estudos não discriminavam o alvo usado; nos restantes 61 foi feita avaliação de curto prazo em 37 (60,7%), de médio prazo em 36 (59,0%) e de longo prazo em 5 (8,2%). Foram encontrados dados sobre variação pré/pós operatória em 57 (93,4%) estudos e 16 (26,2%) continham dados comparando ECP-NST versus outros grupos: ECP-GPi (n = 4 estudos, 25,0%), elegíveis para cirurgia (n = 6, 37,5%), e tratamento médico (n = 7, 43,8%).
Discussão: É aparente a melhoria de depressão e ansiedade após ECP, sobretudo a curto prazo, efeito que tende a esbater-se em avaliações posteriores. Em relação à depressão a ECP-NST mostrou-se superior ao tratamento médico, mas não em comparação com o grupo de controlo elegível para cirurgia. Verificou-se o resultado oposto para a ansiedade, uma vez que os resultados favorecem o tratamento médico sobre a ECP-NST, e esta sobre o grupo de elegíveis para cirurgia. Não é evidente a superioridade de um alvo sobre o outro, mas os dados favorecem ligeiramente o GPi para ambos os tipos de sintomas.
Conclusões: O padrão e curso dos sintomas depressivos e ansiedade após ECP na DP não são claros, mas ambos parecem melhorar no curto prazo, especialmente a depressão após a ECP-NST. Os resultados são bastante heterogéneos. Devem ser promovidos esforços no sentido de haver padronização de procedimentos de avaliação nos vários centros.
Palavras-chave: Doença de Parkinson; Estimulação Cerebral Profunda; Ansiedade; Depressão; Meta-Análise.
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