Colecistectomia por Laparoscopia e por Laparotomia na Colecistite Aguda: Análise Crítica de 520 Casos

Autores

  • João Araújo Teixeira Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.
  • Carlos Ribeiro Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.
  • Luís M. Moreira Gabinete de Estudos Metodológicos e Tratamento de Dados. Escola Superior de Saúde de Vila Nova de Gaia. Instituto Piaget. Gaia. Portugal.
  • Fabiana de Sousa Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.
  • André Pinho Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.
  • Luís Graça Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.
  • José Costa Maia Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.5258

Resumo

Introdução: Apesar do cepticismo com que inicialmente foi encarada, a colecistectomia laparoscópica é hoje a técnica de eleição na colecistite aguda. Torna-se, porém, importante avaliar os seus resultados, em comparação com a colecistectomia clássica, uma vez que esta última ainda é seguida por alguns cirurgiões em determinadas situações.
Material e Métodos: No nosso estudo foram incluídos 520 doentes com colecistites agudas operados no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de S. João, entre 2007 e 2013, dos quais 412 (79,2%) por laparoscopia e 108 (20,8%) por via aberta, com uma incidência de conversão de 10,7%. Procedeu-se ao estudo relativo às doenças coexistentes, leucocitose, tempo decorrido entre o diagnóstico na urgência e a cirurgia, classificação ASA, complicações intra e pós-operatórias, mortalidade, reintervenções, lesão biliar e estadia hospitalar. Os doentes convertidos foram incluídos no grupo das colecistectomias laparoscópicas. A análise estatística baseou-se em processos descritivos e a avaliação das diferenças entre grupos foi realizada com base no teste exato de Fisher, sendo considerados valores significativos para p < 0,05.
Resultados: Colecistectomia laparoscópica versus Colecistectomia aberta: Mortalidade: 0,7% vs 3,7% (p = 0,0369); Complicações per-operatórias: 3,6% vs 12,9% (p = 0,0006); Complicações pós-operatórias cirúrgicas: 7,7% vs 17,5% (p = 0,0055); Pós-operatórias médicas: 4,3% vs 5,5% (p = 0,6077); Lesão da via biliar principal: 0,9% vs 1,8% (p = 0,6091); Reintervenções: 2,9% vs 5,5% (p = 0,2315); Internamento hospitalar inferior ou igual a quatro dias: 64,8% vs 18,5% (p < 0,0001). Na colecistectomia laparoscópica houve 10,7% de conversões: nas precoces (intervenções realizadas antes das 96 h após o diagnóstico na urgência) esta taxa foi de 8,8% e nas tardias (após aquele período de tempo mas no mesmo internamento) de 13,7% (p = 0,1425); Complicações nos doentes convertidos vs não convertidos: nas cirúrgicas 20,4% vs 6,2% (p = 0,0034) e nas médicas 6,8% vs 4,1% (p = 0,4484). As causas de conversão
foram condicionadas por complicações cirúrgicas (lesões biliares, lacerações entéricas, perfurações vesiculares com a disseminação de cálculos), intolerância ao pneumoperitoneo, indefinição do pedículo biliar e escoliose.
Discussão: Há poucas investigações relativas à comparação da colecistectomia laparoscópica vs colecistectomia aberta nos doentes com colecistectomia aberta, correspondendo a maior parte delas a estudos multicêntricos. Por esta razão, julgamos de interesse proceder a uma análise inerente a 520 operados com aquela doença no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de S. João dos quais 412 por colecistectomia laparoscópica e 108 por colecistectomia aberta. Verificamos na colecistectomia laparoscópica melhores resultados do que na colecistectomia aberta no que se refere à mortalidade, complicações per e pós-operatórias cirúrgicas e estadia hospitalar. A incidência da via biliar principal, complicações médicas e reintervenções, embora menos evidentes na colecistectomia laparoscópica, não se revelaram com significado estatístico. Merece referência o maior número de complicações no grupo das colecistectomias laparoscópicas
convertidas do que naquelas em que tal não foi necessário confirmando-se, assim, o já referido em estudos multicêntricos citados na literatura. Este facto levanta a necessidade de, mediante complicações ocorridas durante a colecistectomia laparoscópica, não se proceder à conversão tardiamente. A análise do presente estudo valoriza, assim, devidamente a colecistectomia laparoscópica na cirurgia dos doentes com colecistite aguda.
Conclusão: Os resultados obtidos justificam a frequência com que a colecistectomia laparoscópica é realizada na colecistite aguda, em comparação com a via aberta, ocupando cada vez mais, um lugar primordial, no tratamento desta doença.
Palavras-chave: Colecistectomia Laparoscópica; Colecistectomia; Colecistite.

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Biografias Autor

João Araújo Teixeira, Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

Carlos Ribeiro, Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

Luís M. Moreira, Gabinete de Estudos Metodológicos e Tratamento de Dados. Escola Superior de Saúde de Vila Nova de Gaia. Instituto Piaget. Gaia. Portugal.

Fabiana de Sousa, Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

André Pinho, Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

Luís Graça, Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

José Costa Maia, Serviço de Cirurgia. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto/Hospital de S. João. Porto. Portugal.

Publicado

2014-12-30

Como Citar

1.
Teixeira JA, Ribeiro C, Moreira LM, Sousa F de, Pinho A, Graça L, Maia JC. Colecistectomia por Laparoscopia e por Laparotomia na Colecistite Aguda: Análise Crítica de 520 Casos. Acta Med Port [Internet]. 30 de Dezembro de 2014 [citado 21 de Novembro de 2024];27(6):685-91. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/5258