Carcinóide Pulmonar: Análise de Experiência Institucional e Fatores Prognóstico

Autores

  • Silvia da Silva Correia Serviço de Pneumologia. Unidade Local de Saúde. Guarda. Portugal.
  • Carlos Pinto Centro de Cirurgia Cardiotorácica. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • João Bernardo Centro de Cirurgia Cardiotorácica. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.5390

Resumo

Introdução: Os tumores carcinóides pulmonares são tumores raros com origem nas células neuro-endócrinas do pulmão. Classificam-se de acordo com os critérios da OMS em carcinóides típicos ou atípicos. Quando comparados com outros tipos de neoplasia pulmonar, os tumores carcinóides apresentam melhor prognóstico.
Objetivos: Caracterização dos doentes com diagnóstico histológico de tumor carcinóide observados numa instituição. Análise dos fatores que influenciaram o prognóstico.
Material e Métodos: Análise retrospetiva incluindo todos os doentes com diagnóstico histológico de tumor carcinóide pulmonar durante um período de 11 anos numa instituição. Os tumores foram classificados em típicos e atípicos de acordo com a classificação da Organização Mundial de Saúde de 2004. O estadiamento foi feito com base na classificação TNM de 2009 para o carcinoma do pulmão de não pequenas células: T (Tumor); N (Ganglionar); M (Metástase).
Resultados: Foram incluídos 59 doentes: 53 carcinóides típicos e seis carcinóides atípicos. Destes, 90% foram submetidos a cirurgia. O follow-up médio foi de 57 meses. A mortalidade operatória foi de 2% (n = 1) tratando-se de cirurgia paliativa para um doente em estádio IV. Em 49 doentes não se verificou envolvimento ganglionar (N0), um doente apresentava doença N1, oito doença N2 e um doente doença N3. A sobrevivência global aos cinco anos foi de 79,2%: 80,2% nos carcinóides típicos e 66,7% nos carcinóides atípicos (p < 0,05). Nos doentes T1, a sobrevivência foi de 88,1% e de 58,2% nos T2-T4 (p < 0,01). Nos doentes N0 a sobrevivência aos cinco anos de 89,7% e de 36% para os doentes N1-N3 (p < 0,001). Os doentes com doença M0 apresentaram uma sobrevivência aos cinco anos de 85,9% sendo de 0% nos doentes M1 (p < 0,01). Dos 11 doentes que necessitaram de quimioterapia adjuvante, 45,4% eram carcinóides atípicos.
Discussão: Na nossa série, a cirurgia no tumor carcinóide pulmonar demonstrou-se segura, com uma baixa taxa de complicações no pós-operatório. Observou-se pior prognóstico em doentes com tumor carcinóide atípico, tumores com mais de 3 cm, com envolvimento ganglionar ou presença de metástase. A sobrevivência aos cinco anos nos tumores carcinóides típicos foi excelente (80,2%), correspondente à encontrada na literatura. No tumor carcinóide atípico, a sobrevivência aos cinco anos foi de 66,7% também concordante com os dados obtidos em estudos anteriores.
Conclusões: Os tumores carcinóides pulmonares são na maioria carcinóides típicos com uma excelente sobrevivência a longo
prazo. A cirurgia de ressecção é o tratamento de eleição nestes doentes. Os fatores relacionados com um pior prognóstico foram o subtipo histológico (carcinóides típicos versus carcinóides atípicos), o tamanho do tumor, o envolvimento ganglionar e a presença de metástases.
Palavras-chave: Neoplasias do Pulmão; Tumor Carcinóide; Estadiamento.

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Biografias Autor

Silvia da Silva Correia, Serviço de Pneumologia. Unidade Local de Saúde. Guarda. Portugal.

Serviço de Pneumologia do Hospital da Guarda

Carlos Pinto, Centro de Cirurgia Cardiotorácica. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

João Bernardo, Centro de Cirurgia Cardiotorácica. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Publicado

2014-12-30

Como Citar

1.
Correia S da S, Pinto C, Bernardo J. Carcinóide Pulmonar: Análise de Experiência Institucional e Fatores Prognóstico. Acta Med Port [Internet]. 30 de Dezembro de 2014 [citado 21 de Novembro de 2024];27(6):749-54. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/5390