O Papel da Hemoglobina A1c no Rastreio de Intolerância à Glicose e da Diabetes Tipo 2 em Crianças e Adolescentes Obesos

Autores

  • Júlia Galhardo Unidade de Endocrinologia Pediátrica e Diabetes. Hospital de Dona Estefânia. Centro Hospitalar de Lisboa Central. Lisboa. Portugal. Department of Clinical Sciences. Institute of Child Life & Health. University of Bristol. Bristol. Reino Unido.
  • Julian Shield Department of Clinical Sciences. Institute of Child Life & Health. University of Bristol. Bristol. Reino Unido. Paediatric Endocrinology, Diabetes and Metabolism Unit. Bristol Royal Hospital for Children. University Hospitals Bristol – NHS Foundation Trust. Bristol. Reino Unido.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.5494

Palavras-chave:

Adolescente, Criança, Diabetes Mellitus Tipo 2, Hemoglobina A Glicosilada, Intolerância à Glucose, Obesidade, Obesidade Pediátrica, Rastreio.

Resumo

Introdução: Em 2012, um comité internacional de peritos em diabetes aconselhou a hemoglobina glicada como teste de rastreio de intolerância à glicose e diabetes mellitus tipo 2 no adulto e em idade pediátrica. O objetivo deste estudo foi avaliar a utilidade deste exame numa população de crianças e adolescentes obesos, maioritariamente de etnia caucasiana.
Material e Métodos: Foram recrutados 226 doentes [índice de massa corporal z-score 3,35 ± 0,59, 90% caucasianos, 55% do sexo feminino, idade mediana de 12,3 (âmbito: 8,9 – 17,6) anos] referenciados à consulta de obesidade pediátrica de um hospital terciário, com critérios para rastreio de diabetes mellitus tipo 2. Situações de hemoglobinopatia ou de alteração da sobrevida eritrocitária foram excluídas. Todos os indivíduos foram submetidos a uma prova de tolerância à glicose oral e à medição da hemoglobina glicada.
Resultados: Segundo a prova de tolerância à glicose oral, 13 (4,9%) eram pré-diabéticos e nenhum diabético. De acordo com a hemoglobina glicada, 32 seriam pré-diabéticos (29 falsos-positivos) e um diabético (falso positivo, sendo este, na realidade, apenas intolerante à glicose). Por outro lado, 10 pré-diabéticos não seriam identificados (falsos-negativos). A área sob a curva receiver operator characteristic analysis da hemoglobina glicada foi 0,59 (IC 95% 0,40 - 0,78), confirmando a sua reduzida capacidade de discriminação para
pré-diabetes. Mais promissoras foram as áreas sob as curvas receiver operator characteristic analysis da glicemia em jejum (0,76; IC 95% 0,66 - 0,87), homeostasis model assessment for insulin resistance (0,77; IC 95% 0,64 - 0,90) e razão triglicerídeos:colesterol HDL (0,81; IC 95% 0,66 - 0,96).
Discussão: Em Pediatria, particularmente em populações maioritariamente caucasianas, a hemoglobina glicada parece ser uma má ferramenta para diagnóstico de pré-diabetes.
Conclusão: Pelo exposto, parece-nos prematura a utilização da hemoglobina glicada com fins diagnósticos até um maior número de estudos estar disponível. O homeostasis model assessment for insulin resistance e a razão triglicerídeos:colesterol HDL demonstraram uma maior exatidão diagnóstica, podendo ser calculados com base numa amostra única em jejum.

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Biografia Autor

Julian Shield, Department of Clinical Sciences. Institute of Child Life & Health. University of Bristol. Bristol. Reino Unido. Paediatric Endocrinology, Diabetes and Metabolism Unit. Bristol Royal Hospital for Children. University Hospitals Bristol – NHS Foundation Trust. Bristol. Reino Unido.

(1) Consultor em Diabetes e Endocrinologia Pediátrica; Bristol Royal Hospital for Children, University Hospitals Bristol – NHS Foundation Trust, Reino Unido

Professor de Diabetes, Metabolismo e Endocrinologia Pediátrica; Institute of Child Life & Health – Department of Clinical Sciences, South Bristol, University of Bristol, Reino Unido

Publicado

2015-05-29

Como Citar

1.
Galhardo J, Shield J. O Papel da Hemoglobina A1c no Rastreio de Intolerância à Glicose e da Diabetes Tipo 2 em Crianças e Adolescentes Obesos. Acta Med Port [Internet]. 29 de Maio de 2015 [citado 23 de Novembro de 2024];28(3):307-15. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/5494

Edição

Secção

Original