Surto de Parotidite em Crianças e Adolescentes com Elevada Taxa de Vacinação na Região Centro de Portugal, 2012-2013

Autores

  • Eugénio Cordeiro Departamento de Saúde Pública. Administração Regional de Saúde do Centro. Coimbra. Portugal.
  • Muriel Ferreira Unidade de Infeciologia. Serviço de Urgência. Hospital Pediátrico. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Fernanda Rodrigues Unidade de Infeciologia. Serviço de Urgência. Hospital Pediátrico. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Paula Palminha Departamento de Saúde Pública. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Lisboa. Portugal.
  • Elsa Vinagre Departamento de Saúde Pública. Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Lisboa. Portugal.
  • João Pedro Pimentel Departamento de Saúde Pública. Administração Regional de Saúde do Centro. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.5756

Palavras-chave:

Adolescente, Criança, Parotidite, Portugal, Surto de Doenças, Vacina Contra Sarampo-Parotidite-Rubéola.

Resumo

Introdução: A vacina contra o sarampo, parotidite epidémica e rubéola foi introduzida no Programa Nacional de Vacinação em 1987, atingindo rapidamente uma cobertura vacinal > 92% para duas doses, com redução importante da incidência anual da doença. Reportamos um surto de parotidite na Região Centro de Portugal ocorrido entre outubro de 2012 e março de 2013.
Material e Métodos: Foram investigados os casos de tumefação de glândulas salivares e sintomas compatíveis com parotidite. Para cada caso foram analisados dados demográficos, clínicos, laboratoriais e vacinais.
Resultados: Ao longo de seis meses foram notificados 148 casos: 87,8% ocorreram em três dos 16 concelhos afetados e 78,4% tinham uma relação epidemiológica conhecida. A idade mediana foi de 14,5 anos (2-62) e 70,3% tinham entre 11 e 20 anos; 61,5% eram do sexo masculino. Na maioria dos casos a doença foi ligeira, com uma duração média de sete dias (2-20). A febre ocorreu em 80,4% e a glândula parótida apresentou envolvimento unilateral em 55,4%; sete casos tiveram orquite, um ooforite e uma nefrite. Dois doentes foram internados. A transmissão da doença ocorreu predominantemente em ambiente escolar, com taxas de ataque < 30%. A maioria dos casos ocorreu em indivíduos vacinados (92%), dos quais 86,8% com duas doses. Em 17,7% foi identificada uma dose
de vacina contendo a estirpe Rubini. Foi identificado o genótipo G do vírus da parotidite em quatro casos.
Discussão: Este surto de parotidite numa população com coberturas vacinais elevadas, atingindo principalmente adolescentes em meio escolar, poderá dever-se à efetividade parcial da vacina contra a doença (especialmente no grupo vacinado com a estirpe Rubini), à perda de imunidade ao longo do tempo ou ainda à discordância entre os genótipos vacinal e circulante causador de doença.
Conclusões: O relato deste surto releva a importância da discussão sobre a necessidade de mais doses de reforço da vacina atual ou de uma nova vacina incluindo mais genótipos para melhorar a imunogenicidade.

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Publicado

2015-08-31

Como Citar

1.
Cordeiro E, Ferreira M, Rodrigues F, Palminha P, Vinagre E, Pimentel JP. Surto de Parotidite em Crianças e Adolescentes com Elevada Taxa de Vacinação na Região Centro de Portugal, 2012-2013. Acta Med Port [Internet]. 31 de Agosto de 2015 [citado 24 de Novembro de 2024];28(4):435-41. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/5756

Edição

Secção

Original