Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune

Autores

  • Joana Duarte Serviço de Pneumologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Lurdes Correia Serviço de Medicina Interna. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Adélia Simão Serviço de Medicina Interna. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • António Figueiredo Serviço de Ortopedia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.
  • Armando Carvalho Serviço de Medicina Interna. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal. Departamento de Medicina Interna. Faculdade de Medicina. Universidade de Coimbra. Coimbra. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.5766

Palavras-chave:

Anemia Hemolítica Auto-Imune, Artroplastia, Icterícia, Metais/efeitos adversos.

Resumo

Introdução: A anemia hemolítica pode estar associada a múltiplas etiologias, nomeadamente a tóxicos, como os metais, sendo esta uma causa rara.
Caso Clínico: Homem de 55 anos de idade, sujeito a artroplastia total da anca direita (prótese não cimentada com articulação cerâmica-cerâmica, cujo componente acetabular era constituído por uma cúpula metálica composta por uma liga de titânio, vanádio e alumínio na qual encaixava um insert cerâmico). Cerca de quatro anos após esta intervenção cirúrgica referia ruídos na prótese com os movimentos. Foi sujeito a revisão cirúrgica tendo-se constatado a presença de líquido espesso intracapsular de cor escura, fractura do insert acetabular cerâmico e sinais de desgaste da cúpula metálica acetabular. Procedeu-se a lavagem abundante e substituição do insert cerâmico fracturado por um insert de polietileno. Dois meses depois recorreu ao Serviço de Urgência por degradação do estado geral, flutuação na anca direita e icterícia muco-cutânea. Analiticamente evidenciava valores compatíveis com anemia hemolítica autoimune. Foi feita punção articular com saída de abundante líquido metalótico. A tomografia computorizada revelou extensa colecção heterogénea quística intrapélvica com múltiplos fragmentos de prótese no seu interior, sugestivos de metalose. A anemia hemolítica foi interpretada como consequência da toxicidade das partículas e iões metálicos oriundos do desgaste da prótese. Iniciou corticoterapia em altas doses e posteriormente quando houve condições procedeu-se à substituição de todos os componentes da prótese e drenagem do material acumulado intra-pélvico.
Discussão: Após a fractura do insert cerâmico a cabeça cerâmica passou a articular directamente com o componente acetabular metálico, originando os ruídos e desgaste com libertação de partículas e iões. Este material formou uma coleção quística intrapélvica, que passou despercebida na primeira revisão cirúrgica. O desbridamento cirúrgico pôs em comunicação esta coleção com os tecidos adjacentes e com a circulação sistémica, desencadeando efeitos sistémicos graves, como anemia hemolítica auto-imune. Desconhece-se o potencial de toxicidade de cada um dos elementos metálicos desta prótese, não estando ainda disponíveis testes laboratoriais de detecção.
Conclusão: A metalose é uma causa rara de anemia hemolítica auto-imune.

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Biografia Autor

Joana Duarte, Serviço de Pneumologia. Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Coimbra. Portugal.

Interna de Formação Específica em Pneumologia

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Publicado

2015-04-30

Como Citar

1.
Duarte J, Correia L, Simão A, Figueiredo A, Carvalho A. Metalose: Causa Rara de Anemia Hemolítica Autoimune. Acta Med Port [Internet]. 30 de Abril de 2015 [citado 23 de Novembro de 2024];28(3):386-9. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/5766

Edição

Secção

Caso Clínico