AVC Isquémico Agudo nos Pacientes com Cancro, uma Etiologia Distinta?
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.6156Palavras-chave:
Acidente Vascular Cerebral, Factores de Risco, Neoplasias/etiologia, Trombofilia.Resumo
Introdução: Actualmente ainda não se encontra claramente definido se a etiologia do acidente vascular cerebral isquémico agudo difere entre doentes com e sem cancro. O acidente vascular cerebral isquémico e o cancro apresentam factores de risco comuns. No entanto, a literatura sugere que os doentes com cancro apresentam condições específicas que aumentam o risco de acidente vascular cerebral. O nosso objectivo foi comparar a etiologia do acidente vascular cerebral isquémico entre doentes com cancro e sem cancro.
Material e Métodos: Estudo de caso-controlo realizado em doentes internados numa Unidade de acidente vascular cerebral entre Janeiro de 2007 e Dezembro de 2012. Os casos foram definidos como doentes com o diagnóstico concomitante de acidente vascular cerebral isquémico agudo e cancro; os controlos apenas com o diagnóstico de acidente vascular cerebral. Foram comparados entre os grupos: idade, género, factores de risco vasculares e etiologia do acidente vascular cerebral.
Resultados: Foram identificados 56 casos, 64,3% do género masculino, com idade média de 71 anos; 21 doentes apresentavam doença neoplásica activa. O cancro gastrointestinal (25,9%) foi o mais frequente. Foram incluídos 151 controlos, emparelhados para a idade e género. A comparação dos factores de risco vasculares entre casos e controlos não revelou diferenças estatisticamente significativas, excepto para a diabetes mellitus, mais frequente no grupo de controlo (16,1% vs 33,8%, p = 0,02). A presença de história de eventos trombóticos prévios foi mais frequente na coorte de doentes com doença neoplásica (8,9% vs 0,7%, p = 0,007). O subtipo de etiologia do acidente vascular cerebral (classificação TOAST) ‘outra etiologia’ foi mais frequente nos doentes com cancro (13,04% vs 0,83%, p < 0,01), e a presença de um estado pró-trombótico foi mais frequente nos doentes com neoplasia activa.
Discussão: Os resultados obtidos no nosso estudo permitiram definir dois subgrupos de casos. Num subgrupo de doentes, o cancro e o acidente vascular cerebral isquémico co-existiram e partilharam factores de risco. No segundo subgrupo de casos, o acidente vascular cerebral pareceu estar directamente relacionado com a doença neoplásica. O estado pró-trombótico constitui um mecanismo fundamental para a fisiopatogénese do acidente vascular cerebral isquémico.
Conclusão: Na práctica clínica, a identificação de hipercoagulabilidade como etiologia do acidente vascular cerebral deve alertar o médico para a pesquisa de uma doença neoplásica oculta.
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