As Normas de Orientação Clínica em Portugal e os Valores dos Doentes

Autores

  • Paulo Santos Unidade de Medicina Geral e Familiar. Departamento de Ciências Sociais e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Isabel Nazaré Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Avintes. Vila Nova de Gaia. Portugal.
  • Carlos Martins Unidade de Medicina Geral e Familiar. Departamento de Ciências Sociais e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Universidade do Porto. Porto. Portugal.
  • Luísa Sá Unidade de Medicina Geral e Familiar. Departamento de Ciências Sociais e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. Unidade de Saúde Familiar Nova Via. Valadares. Portugal.
  • Luciana Couto Unidade de Medicina Geral e Familiar. Departamento de Ciências Sociais e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. Unidade de Saúde Familiar Camélias. Vila Nova de Gaia. Portugal.
  • Alberto Hespanhol Unidade de Medicina Geral e Familiar. Departamento de Ciências Sociais e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. Unidade de Saúde Familiar S. João do Porto. Porto. Portugal. Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Universidade do Porto. Porto. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.6301

Palavras-chave:

Normas de Orientação Clínica, Portugal, Preferências dos Doentes, Qualidade de Cuidados de Saúde, Relação Médico-Doente.

Resumo

Introdução: As normas de orientação clínica são instrumentos de apoio à decisão que visam a melhoria da qualidade, promovendo as boas práticas clínicas. Os cuidados orientados para o utente permitem uma melhor satisfação e autogestão da saúde, com ganhos de qualidade e potencialmente menores custos.
Objetivo: Avaliar o grau de integração dos valores dos doentes nas normas de orientação clínica publicadas em Portugal.
Material e Métodos: Reviram-se as 18 normas de orientação clínica da área cardiovascular publicadas em Portugal entre 2011 e 2013, procurando avaliar a introdução das ideias, medos, expectativas e preferências dos doentes.
Resultados: Oito normas de orientação clínica estavam relacionadas com processos de diagnóstico e 10 com aspetos de terapêutica. Em cinco normas de orientação clínica (28%) foram encontradas referências a valores dos doentes, todas na área da terapêutica, não existindo nenhuma nas normas de orientação clínica relacionadas com o diagnóstico. A incorporação das expectativas dos doentes foi o aspeto mais presente. Em 78% existiam referências à valorização dos custos financeiros.
Discussão: As normas de orientação clínica constituem-se como uma tecnologia de saúde ao dispor dos profissionais com o objetivo de melhorar a prestação dos cuidados assistenciais aos cidadãos, utilizadores últimos destes instrumentos. Como noutros países, há uma tendência a não considerar os utentes e os seus sistemas de valores na estrutura das orientações, privilegiando-se uma lógica populacional nem sempre aplicável ao caso concreto, e uma aritmética financeira pouco suportada em avaliações de custoefetividade. No caso português, a forma como foram propostas foi também condicionadora de desconfiança tanto nos profissionais como nos utentes.
Conclusão: As normas de orientação clínica em Portugal apresentam uma baixa taxa de incorporação dos valores dos utentes, de uma forma mais visível na definição do diagnóstico, o que os coloca numa posição secundária no processo de decisão clínica com potenciais perdas na qualidade.

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Biografias Autor

Paulo Santos, Unidade de Medicina Geral e Familiar. Departamento de Ciências Sociais e Saúde. Faculdade de Medicina. Universidade do Porto. Porto. Portugal. Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS). Universidade do Porto. Porto. Portugal.

Professor auxiliar de Medicina Preventiva

Doutorado em Investigação Clínica e em Serviços de Saúde - FMUP

Isabel Nazaré, Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Avintes. Vila Nova de Gaia. Portugal.

Assistente de MGF

Publicado

2015-10-27

Como Citar

1.
Santos P, Nazaré I, Martins C, Sá L, Couto L, Hespanhol A. As Normas de Orientação Clínica em Portugal e os Valores dos Doentes. Acta Med Port [Internet]. 27 de Outubro de 2015 [citado 18 de Julho de 2024];28(6):754-9. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/6301