Duração dos Episódios de Fibrilhação Auricular e Implicações no Risco Tromboembólico

Autores

  • David Neves Serviço de Cardiologia. Hospital do Espírito Santo. Évora. Portugal.
  • Pedro Silva Cunha Serviço de Cardiologia. Hospital de Santa Marta. Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa. Portugal.
  • Mário Oliveira Serviço de Cardiologia. Hospital de Santa Marta. Centro Hospitalar Lisboa Central. Lisboa. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.6359

Palavras-chave:

Fibrilhação Auricular, Tromboembolia/etiologia.

Resumo

Introdução: A fibrilhação auricular é uma arritmia comum e com risco tromboembólico bem documentado, estando definidas nas recomendações internacionais indicações referentes ao uso de anticoagulantes orais. Existem, contudo, lacunas de informação nomeadamente no que se refere à duração dos episódios de fibrilhação auricular e sua relação com o risco de tromboembolismo. Esta questão tem particular interesse em doentes com dispositivos electrónicos cardíacos implantados com documentação contínua da duração de episódios de taquidisritmias auriculares, que são frequentemente curtos e assintomáticos.
Material e Métodos: Foi feita uma análise crítica da evidência disponível sobre a relação da duração dos episódios de FA paroxística e a ocorrência de eventos embólicos, com base numa pesquisa na base de dados bibliográfica PubMed.
Resultados: Foram selecionados oito artigos com abordagens diferentes no estudo deste tema; sete com recurso a monitorização cardíaca com dispositivos electrónicos cardíacos implantados (pacemakers, cardioversores-desfibilhadores implantáveis e ressincronizadores cardíacos) e um com base em registo de Holter. Metade destas publicações, correspondendo globalmente às maiores amostragens, aborda a questão do ponto de vista do somatório diário de episódios de fibrilhação auricular (carga diária) e não da duração de cada episódio. O risco tromboembólico aumenta gradualmente com a carga arrítmica, tendo sido demonstrado um aumento significativo do risco quando esta ultrapassa os cinco minutos num dia.
Discussão: A formação de um trombo intracavitário, e consequente potencial embólico, é um processo dinâmico que resulta da interacção de várias condicionantes anatómicas e funcionais. O risco individual dependerá da interacção destes factores. A associação entre fenómenos embólicos e curtos períodos de fibrilhação auricular é inequívoca, apesar do mecanismo não ser óbvio, tendo em conta a discrepância frequentemente observada entre os períodos de fibrilhação auricular e os eventos clínicos.
Conclusões: O risco de eventos tromboembólicos aumenta significativamente mesmo para períodos curtos de fibrilhação auricular (≥ cinco minutos de fibrilhação auricular em um dia), apesar da relação causa-efeito não estar definida. A decisão final sobre o recurso à anticoagulação oral deve basear-se na avaliação clínica individualizada.

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Publicado

2015-10-23

Como Citar

1.
Neves D, Cunha PS, Oliveira M. Duração dos Episódios de Fibrilhação Auricular e Implicações no Risco Tromboembólico. Acta Med Port [Internet]. 23 de Outubro de 2015 [citado 22 de Novembro de 2024];28(6):766-72. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/6359