Embolia Pulmonar em Portugal: Epidemiologia e Mortalidade Intra-Hospitalar
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.6367Palavras-chave:
Avaliação do Impacto na Saúde, Embolia Pulmonar/epidemiologia, Embolia Pulmonar/mortalidade, Grupos de Diagnósticos Homogéneos, Incidência, Mortalidade Hospitalar, Portugal.Resumo
Introdução: Em Portugal, a epidemiologia da embolia pulmonar aguda é mal conhecida. Neste estudo, pretendeu-se caracterizar a embolia pulmonar a partir dos dados do internamento hospitalar, assim como avaliar a sua mortalidade intra-hospitalar (definida como mortalidade do internamento hospitalar) e respetivos fatores de prognóstico.
Material e Métodos: Microdados dos Grupos de Diagnóstico Homogéneo dos hospitais do Sistema Nacional de Saúde (2003 a 2013) e dados sobre população do Instituto Nacional de Estatística para estabelecer a evolução dos internamentos, da mortalidade intrahospitalar e das taxas de incidência na população. Os microdados foram estudados numa regressão logit modelizando a mortalidade intra-hospitalar como função de características individuais e de variáveis de contexto.
Resultados: Entre 2003 e 2013 ocorreram 35 200 episódios de internamento (doentes ≥ 18 anos) em que pelo menos um dos diagnósticos foi embolia pulmonar (diagnóstico principal em 67% dos casos). A taxa de incidência estimada em 2013 foi 35/100 000 habitantes (≥ 18 anos). Entre 2003 e 2013, o número anual de episódios foi aumentando, mas a taxa de mortalidade intra-hospitalar foi diminuindo (de 31,8% para 17% em todos os episódios e de 25% para 11,2% nos episódio com embolia pulmonar como diagnóstico principal). Entre 2010 e 2013 a probabilidade de morte reduziu-se com a existência de registo de tomografia computorizada, em doentes do género feminino e aumentou com a idade e a presença de comorbilidades.
Discussão: Na última década ocorreu um aumento da incidência de embolia pulmonar provavelmente relacionado com um maior número de pessoas dependentes e acamadas. No entanto, verificou-se uma redução da mortalidade intra-hospitalar de tal dimensão que a própria taxa de mortalidade na população em geral se reduziu. Uma explicação possível é que tenha ocorrido um aumento dos episódios de embolia pulmonar com níveis de gravidade incrementalmente menores, pela maior capacidade de diagnóstico de casos menos graves. Outra explicação possível é uma maior efetividade dos cuidados de saúde hospitalares. De acordo com a análise de
regressão logística, as melhorias na efetividade dos cuidados hospitalares nos últimos anos são o principal responsável pela redução da mortalidade.
Conclusão: Cerca de 79% da redução da mortalidade intra-hospitalar da embolia pulmonar entre 2003 e 2013 pode-se atribuir à maior efetividade dos cuidados de saúde hospitalares e o restante à alteração favorável nas características dos doentes associadas ao risco de morte.
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