Burnout em Profissionais da Saúde Portugueses: Uma Análise a Nível Nacional

Autores

  • João Marôco Departamento de Ciências Psicológicas. William James Center for Research. Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Lisboa. Portugal.
  • Ana Lúcia Marôco Secção de Estatística. Escola Superior de Comunicação Social. Lisboa. Portugal.
  • Ema Leite Grupo de Disciplinas de Saúde Ocupacional. Escola Nacional de Saúde Pública. Lisboa. Portugal. Serviço de Saúde Ocupacional. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Cristina Bastos Serviço de Medicina Geral e Familiar. Agrupamento de Centros de Saúde Lisboa Ocidental e Oeiras. Oeiras. Portugal.
  • Maria José Vazão Departamento de Enfermagem. Agrupamento de Centros de Saúde Lisboa Ocidental e Oeiras. Oeiras. Portugal.
  • Juliana Campos Departamento de Odontologia. Faculdade de Odontologia de Araraquara. Universidade Estatual de São Paulo. São Paulo. Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.6460

Palavras-chave:

Esgotamento Profissional, Pessoal de Saúde, Portugal.

Resumo

Introdução: O burnout é uma síndrome psicológica, caracterizada por elevada exaustão emocional, elevada despersonalização e baixa realização profissional, que conduz à erosão dos valores pessoais, profissionais e de saúde. Este estudo reporta a prevalência do burnout em profissionais de saúde Portugueses.
Material e Métodos: Os níveis de burnout foram estimados pelo Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey numa escala ordinal de zero (nunca) a seis (sempre) pontos. A amostra foi constituída por 1 262 enfermeiros e 466 médicos com médias de idade de 36,8 anos (DP = 12,2) e 38,7 (DP = 11,0), respetivamente. Os participantes foram provenientes de todos os distritos nacionais (35% Lisboa; 18% Porto; 6% Aveiro, 6% Setúbal, 5% Coimbra; 5% regiões autónomas), com atuação em meio hospitalar (54%), centros de saúde (Unidade de Saúde Familiar - 30%; Unidades de Cuidados de Saúde Primários - 8%) e outras instituições públicas/privadas (8%).
Resultados: A análise dos níveis de burnout revelou que ambas as categorias profissionais apresentaram níveis moderados a elevados de burnout (M = 3,0; DP = 1,7) não sendo significativas as diferenças entre as duas profissões. Vila Real (M = 3,8; SD = 1,7) e a Madeira (M = 2,5; DP = 1,5) são as regiões onde os níveis de burnout são mais e menos elevados, respetivamente. Os níveis
de burnout não diferiram significativamente entre Hospitais, Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados e Unidades de Saúde Familiares. Os profissionais com maior tempo na função são menos acometidos por burnout (r = -0,15) não ocorrendo associação significativa com a duração da jornada de trabalho (r = 0,04). A má qualidade das condições de trabalho foi o melhor preditor do burnout (r = -0,35).
Discussão: A ocorrência da síndrome de burnout em profissionais de saúde portugueses é frequente, estando associada à percepção de más condições de trabalho e à menor duração do tempo de serviço. A incidência de burnout apresenta diferenças regionais que podem estar associadas ao aumento do stress imposto pelo exercício da profissão em condições sub-ótimas para a prestação dos cuidados de saúde. Os resultados alertam para a necessidade de intervenções para melhorar as condições de trabalho e formação inicial
dos profissionais de saúde de forma a garantir a qualidade do serviço prestado aos utentes e o bem-estar pessoal destes profissionais.
Conclusões: A nível nacional, entre 2011 e 2013, 21,6% dos profissionais de saúde apresentaram burnout moderado e 47,8% burnout elevado. A perceção de más condições de trabalho foi o principal preditor da ocorrência de burnout nos profissionais de saúde Portugueses.

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Publicado

2016-01-29

Como Citar

1.
Marôco J, Marôco AL, Leite E, Bastos C, Vazão MJ, Campos J. Burnout em Profissionais da Saúde Portugueses: Uma Análise a Nível Nacional. Acta Med Port [Internet]. 29 de Janeiro de 2016 [citado 30 de Junho de 2024];29(1):24-30. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/6460

Edição

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