Principais Causas de Dermatite de Contacto Alérgica Ocupacional: Um Estudo de Três Anos no Centro de Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.6605Palavras-chave:
Alergénios, Dermatite de Contacto Alérgica, Dermatite Ocupacional, Metacrilatos, Testes epicutâneos.Resumo
Introdução: A dermatite de contacto alérgica, tal como a dermatite de contacto irritativa e as reações imediatas, urticária de contacto, são as principais doenças dermatológicas profissionais mas raramente notificadas aos sistemas nacionais de vigilância de riscos profissionais. Pretendemos avaliar as profissões mais frequentemente relacionadas com o diagnóstico de dermatite de contacto alérgica, os alergénios mais frequentemente envolvidos e a sua relação com a modificação da exposição profissional.Material e Métodos: Efetuámos um estudo retrospetivo (2012 - 2014) nos pacientes que realizaram testes epicutâneos na Consulta de Alergologia do Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Foram estudadas as características demográficas dos pacientes com dermatite de contacto alérgica ocupacional, identificados os alergénios, caracterizada a sua profissão e o efeito da modificação ou abandono do posto de trabalho na evolução da doença.
Resultados: Entre os 941 doentes testados, 77 (8,2%) sofriam de dermatite de contacto alérgica ocupacional comprovada por 169 testes epicutâneos positivos relacionados com exposição laboral, 55 detetados na série básica e 114 nas séries complementares de alergénios. A maior parte dos casos envolvia as mãos (88,3%) e as atividades profissionais mais afetadas foram os cabeleireiros/estética de unhas devido à manipulação de (met)acrilatos, os alergénios mais frequentemente encontrados entre as dermatites de contacto
alérgicas ocupacionais. Destes doentes 27,3% abandonaram o trabalho, 23,4% mudaram de posto de trabalho e 49% fizeram evicção do alergénio responsável, do que resultou a resolução da dermatite de contacto alérgica em 39% dos casos e melhoria noutros 39%, não havendo qualquer melhoria das lesões cutâneas em 22%.
Discussão: Este estudo, apesar de incluir apenas doentes da zona centro do país, avalia um número elevado de doentes com profissões variadas e testados com extensas séries de alergénios. Os alergénios e profissões classicamente referidas (mistura de tiurans, parafenilenodiamina, crómio, cobalto e em profissionais de saúde, cabeleireiros e construção civil) diagnosticados pela série básica de alergénios foram largamente ultrapassados pelos (met)acrilatos, a principal causa de dermatite de contacto alérgica ocupacional, particularmente em esteticistas. Salientamos ainda, de forma transversal a várias profissões, a metilsiotiazolinona como o segundo alérgeno mais frequente, certamente relacionado com a corrente ‘epidemia’ de alergia de contacto a este conservante.
Conclusão: Apesar de a estética ungueal não ser referida como uma profissão de elevado risco de dermatite de contacto alérgica na maioria dos estudos, as tendências atuais da moda com o recurso frequente a unhas de gel, o desempenho desta profissão por indivíduos habitualmente pouco informados quanto aos riscos, aliado ao elevado potencial sensibilizante dos (met)acrilatos, motiva certamente a elevada frequência destes casos entre nós.
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