Tratamento de Carcinomatose Meníngea por Quimioterapia Intratecal Através de Catéter Reservatório de Ommaya: Experiência de um Centro Neurocirúrgico

Autores

  • José Pedro Lavrador Serviço de Neurocirurgia. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Nuno Simas Serviço de Neurocirurgia. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Edson Oliveira Serviço de Neurocirurgia. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.
  • Manuel Herculano Carvalho Serviço de Neurocirurgia. Hospital de Santa Maria. Centro Hospitalar Lisboa Norte. Lisboa. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.6733

Palavras-chave:

Carcinomatose Meníngea/quimioterapia, Injecções Espinhais, Metástase Neoplásica/quimioterapia, Resultado do Tratamento.

Resumo

Introdução: A carcinomatose meníngea consiste na infiltração de células tumorais ao longo das leptomeninges e espaço subaracnoideu, encontrando-se associada a uma sobrevida média de 2 - 5 meses. As indicações sobre a modalidade mais adequada de tratamento permanecem tema de discussão, sendo fundamental um correto conhecimento da história natural da doença e da dualidade risco-benefício para uma decisão terapêutica interdisciplinar.
Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes com diagnóstico de carcinomatose meníngea com origem em tumores sólidos submetidos a colocação de catéter reservatório de Ommaya no período entre 2006 a 2014 no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Santa Maria.
Resultados: Foram operados 23 doentes com carcinomatose meníngea (19 mulheres, quatro homens) com idade média de 56,1 ± 2,2 anos. A origem do tumor primário foi: mama – 16 doentes, pulmão – quatro doentes, estômago, bexiga e colo do útero – um doente cada. Não se verificaram complicações tais como infecção, hematomas intracranianos ou fístula de líquor. A sobrevida média dos 21 doentes falecidos à data foi de 26,4 ± 7,7 semanas (mínimo nove dias, máximo 118 semanas). A análise estatística não ajustada revelou que o sexo masculino esteve associado a pior prognóstico (p value = 0,0032), enquanto a análise ajustada mostrou que a origem na mama esteve associada a melhor prognóstico (p value = 0,036) quando comparada com as outras etiologias (HR: 4,36 ± 3,06; 95% IC: 1,10 - 17,25). Um maior tempo de evolução de doença primária até ao diagnóstico esteve associado a melhor prognóstico, apesar de não ter atingido significado estatístico.
Discussão: Apesar da colocação de catéter reservatório de Ommaya ser um procedimento com baixo risco de complicações, a resposta à quimioterapia intratecal é limitada e o prognóstico da doença poderá não justificar um procedimento cirúrgico num doente com mau estado funcional. A relação da sobrevida global com a origem do tumor primário sugere que o prognóstico da carcinomatose meníngea deve ser considerado no contexto da doença sistémica e não como uma doença isolada. O pior prognóstico do sexo masculino pode justificar-se pela menor incidência do tumor da mama neste género.
Conclusão: A carcinomatose meníngea está associada a um mau prognóstico. Origem primária na mama, maior tempo de evolução de doença primária e idade < 60 anos estiveram associados a sobrevida mais longa.

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Publicado

2016-08-31

Como Citar

1.
Lavrador JP, Simas N, Oliveira E, Carvalho MH. Tratamento de Carcinomatose Meníngea por Quimioterapia Intratecal Através de Catéter Reservatório de Ommaya: Experiência de um Centro Neurocirúrgico. Acta Med Port [Internet]. 31 de Agosto de 2016 [citado 23 de Novembro de 2024];29(7-8):456-60. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/6733

Edição

Secção

Original