Tratamento de Carcinomatose Meníngea por Quimioterapia Intratecal Através de Catéter Reservatório de Ommaya: Experiência de um Centro Neurocirúrgico
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.6733Palavras-chave:
Carcinomatose Meníngea/quimioterapia, Injecções Espinhais, Metástase Neoplásica/quimioterapia, Resultado do Tratamento.Resumo
Introdução: A carcinomatose meníngea consiste na infiltração de células tumorais ao longo das leptomeninges e espaço subaracnoideu, encontrando-se associada a uma sobrevida média de 2 - 5 meses. As indicações sobre a modalidade mais adequada de tratamento permanecem tema de discussão, sendo fundamental um correto conhecimento da história natural da doença e da dualidade risco-benefício para uma decisão terapêutica interdisciplinar.Material e Métodos: Análise retrospectiva dos doentes com diagnóstico de carcinomatose meníngea com origem em tumores sólidos submetidos a colocação de catéter reservatório de Ommaya no período entre 2006 a 2014 no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Santa Maria.
Resultados: Foram operados 23 doentes com carcinomatose meníngea (19 mulheres, quatro homens) com idade média de 56,1 ± 2,2 anos. A origem do tumor primário foi: mama – 16 doentes, pulmão – quatro doentes, estômago, bexiga e colo do útero – um doente cada. Não se verificaram complicações tais como infecção, hematomas intracranianos ou fístula de líquor. A sobrevida média dos 21 doentes falecidos à data foi de 26,4 ± 7,7 semanas (mínimo nove dias, máximo 118 semanas). A análise estatística não ajustada revelou que o sexo masculino esteve associado a pior prognóstico (p value = 0,0032), enquanto a análise ajustada mostrou que a origem na mama esteve associada a melhor prognóstico (p value = 0,036) quando comparada com as outras etiologias (HR: 4,36 ± 3,06; 95% IC: 1,10 - 17,25). Um maior tempo de evolução de doença primária até ao diagnóstico esteve associado a melhor prognóstico, apesar de não ter atingido significado estatístico.
Discussão: Apesar da colocação de catéter reservatório de Ommaya ser um procedimento com baixo risco de complicações, a resposta à quimioterapia intratecal é limitada e o prognóstico da doença poderá não justificar um procedimento cirúrgico num doente com mau estado funcional. A relação da sobrevida global com a origem do tumor primário sugere que o prognóstico da carcinomatose meníngea deve ser considerado no contexto da doença sistémica e não como uma doença isolada. O pior prognóstico do sexo masculino pode justificar-se pela menor incidência do tumor da mama neste género.
Conclusão: A carcinomatose meníngea está associada a um mau prognóstico. Origem primária na mama, maior tempo de evolução de doença primária e idade < 60 anos estiveram associados a sobrevida mais longa.
Downloads
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Todos os artigos publicados na AMP são de acesso aberto e cumprem os requisitos das agências de financiamento ou instituições académicas. Relativamente à utilização por terceiros a AMP rege-se pelos termos da licença Creative Commons ‘Atribuição – Uso Não-Comercial – (CC-BY-NC)’.
É da responsabilidade do autor obter permissão para reproduzir figuras, tabelas, etc., de outras publicações. Após a aceitação de um artigo, os autores serão convidados a preencher uma “Declaração de Responsabilidade Autoral e Partilha de Direitos de Autor “(http://www.actamedicaportuguesa.com/info/AMP-NormasPublicacao.pdf) e a “Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse” (http://www.icmje.org/conflicts-of-interest) do ICMJE. Será enviado um e-mail ao autor correspondente, confirmando a receção do manuscrito.
Após a publicação, os autores ficam autorizados a disponibilizar os seus artigos em repositórios das suas instituições de origem, desde que mencionem sempre onde foram publicados e de acordo com a licença Creative Commons