Características Epidemiológicas e Demográficas dos Doentes Portadores de Tumores da Cabeça e Pescoço no Norte de Portugal: Impacto na Sobrevivência
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.7003Palavras-chave:
Factores de Risco, Factores Socioeconómicos, Neoplasias de Cabeça e Pescoço/epidemiologia, Portugal.Resumo
Introdução: Em Portugal não existem, ainda, estudos epidemiológicos e demográficos realizados em doentes portadores de tumores da cabeça e pescoço. Os objectivos desta análise são descrever os aspectos epidemiológicos e demográficos dos doentes portadores de tumores malignos da cabeça e do pescoço, referenciados ao serviço de Otorrinolaringologia de um centro oncológico do norte de Portugal e avaliar o impacto destas características na sobrevivência.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo descritivo, dos doentes referenciados entre janeiro de 2011 e dezembro de 2013 ao Serviço de Otorrinolaringologia do Instituto Português de Oncologia do Porto. Foram incluídos 566 doentes. As variáveis analisadas foram a localização anatómica dos tumores, o estadiamento, o género e a idade dos doentes, o distrito de proveniência, os hábitos etílicos e tabágicos, o nível educacional, a profissão, o estado civil e a estrutura familiar.
Resultados: Os 566 doentes estudados correspondem a 498 homens e 68 mulheres, com idade média de 58,1 ± 12,2 anos. A maioria (80,5%) foi referenciada com doença em estadio avançado (III e IV). Verificamos hábitos etílicos moderados a excessivos em 78% dos doentes e 69% eram fumadores. A grande maioria dos doentes (82,3%) tinha apenas o ensino básico. Os doentes com tumores da hipofaringe e com hábitos etílicos excessivos foram referenciados em estadios mais avançados e apresentaram pior sobrevivência (p < 0,001). Os doentes casados foram referenciados em estadios mais precoces (p = 0,020) e os doentes sem apoio familiar apresentaram pior sobrevivência (p = 0,030).
Discussão: Os dados epidemiológicos encontrados estão de acordo com a literatura internacional. A elevada taxa de doentes referenciados em estádio avançado pode ser atribuída ao atraso na procura de cuidados médicos ou a factores inerentes ao sistema de referenciação. A vigilância e o suporte familiar têm um papel fundamental na referenciação precoce e sobrevivência destes doentes.
Conclusão: Este estudo caracteriza um perfil populacional que pode beneficiar de maior grau de vigilância, de campanhas de consciencialização e/ou rastreios. Algumas das variáveis estudadas podem influenciar significativamente o estadio dos tumores e a sobrevivência.
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