Tuberculose em Transplantados Hepáticos: Uma Série de Oito Casos Durante um Período de Cinco Anos
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.7052Palavras-chave:
Mycobacterium tuberculosis, Portugal, Tuberculose, Transplante de FígadoResumo
Introdução: A incidência de tuberculose em Portugal entre 2010 - 2014 foi de 20 a 22 casos por 100 000 habitantes. A incidência de tuberculose em transplantados hepáticos não é conhecida, estimando-se que seja mais elevada do que a da população em geral. O manejo da tuberculose em transplantados hepáticos constitui um desafio, não só pela apresentação clínica frequentemente atípica, mas também pelos efeitos secundários da terapêutica antibacilar e suas interações farmacológicas com a medicação imunossupressora, necessária no período pós-transplante.
Material e Métodos: Os autores fizeram uma revisão retrospetiva dos casos de doentes transplantados hepáticos com tuberculose pós- transplante diagnosticada durante o período entre janeiro 2010 e dezembro 2014 num centro de transplantação hepática em Lisboa, Portugal. Foram analisados os dados demográficos, características clínicas, a par do regime antibacilar, toxicidade e evolução.
Resultados: Num total de 1005 transplantados foi diagnosticada tuberculose ativa em oito doentes entre janeiro de 2010 e dezembro de 2014 (frequência de 0,8%). O desenvolvimento de tuberculose tardia foi mais frequente do que a doença precoce. Foi isolado Mycobacterium tuberculosis complex no exame cultural de sete doentes (87,5%). Foram frequentes a presença de envolvimento extrapulmonar, assim como doença tuberculosa disseminada. Dois doentes desenvolveram rejeição aguda, sem perda de enxerto. A taxa de mortalidade global foi de 37,5%, com duas mortes directamente atribuíveis à tuberculose.
Discussão: Apesar da incerteza quanto à duração do tratamento da tuberculose em transplantados hepáticos, deverão ser tidos em conta a gravidade da doença, assim como o número de fármacos com actividade antibacilar. Nesta série, os doentes que desenvolveram rejeição aguda necessitaram da utilização de um regime sem rifampicina, e ajuste da terapêutica imunossupressora.
Conclusão: Apesar do baixo número de casos de tuberculose, a sua frequência pós-transplante é significativa e a mortalidade associada não é negligenciável. Os casos de hepatotoxicidade e rejeição de enxerto demonstram os desafios no diagnóstico da tuberculose em transplantados hepáticos e a dificuldade do manejo das interações entre imunossupressores e a rifampicina. Este estudo reforça a recomendação de rastreio e tratamento de tuberculose latente em transplantados ou candidatos a transplante hepático.
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