Intervenções Psicológicas na Perturbação Borderline da Personalidade: Uma Revisão das Terapias de Base Cognitivo-Comportamental
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.7469Palavras-chave:
Ensaios Clínicos Controlados Aleatórios, Perturbação Borderline da Personalidade, Psicoterapia, Resultado do Tratamento, Terapia CognitivaResumo
Introdução: A perturbação borderline da personalidade é a perturbação da personalidade mais comum, ocorrendo em 1,6 a 6% da população geral. É caraterizada por instabilidade nos afetos e impulsividade, havendo um elevado número de comportamentos autolesivos e consumo de recursos de saúde. A psicoterapia é recomendada por várias diretrizes internacionais, como sendo a abordagem terapêutica primária desta patologia. Neste trabalho efetuou-se uma revisão dos efeitos e da eficácia das intervenções psicoterapêuticas de base cognitivo-comportamental no tratamento da perturbação borderline da personalidade.
Material e Métodos: Revisão bibliográfica, através da Medline e PubMed, utilizando como palavras-chave: ‘borderline personality disorder’, ‘cognitive-behavioral therapy’, ‘efficacy’.
Resultados: Foram incluídos 16 ensaios clínicos aleatorizados que avaliaram a eficácia de diversas intervenções psicoterapêuticas de base cognitivo-comportamental, nomeadamente da terapia comportamental-dialética, terapia cognitivo-comportamental, terapia focada nos esquemas e terapia cognitiva por manual. Todas as intervenções psicoterapêuticas analisadas demonstraram benefícios clínicos, quer ao nível da redução da psicopatologia geral e específica da perturbação borderline da personalidade, quer ao nível comportamental, com redução da frequência e gravidade dos comportamentos autolesivos, e com melhoria do funcionamento social, interpessoal e global. Foi observada uma taxa de remissão diagnóstica elevada com terapia comportamental-dialética (57%) e terapia focada nos esquemas (94%).
Discussão: Apesar de existirem diferenças entre as intervenções psicoterapêuticas analisadas, todas apresentaram benefícios clínicos no tratamento da perturbação borderline da personalidade. A terapia comportamental-dialética e a terapia focada nos esquemas foram as intervenções que apresentaram uma maior robustez científica na documentação da sua eficácia, porém ambas são terapias integrativas de base cognitivo-comportamental que se afastam do modelo cognitivo-comportamental tradicional.
Conclusão: Os resultados dos vários ensaios clínicos comprovam a eficácia das terapias de base cognitivo-comportamental no tratamento da perturbação borderline da personalidade. Contudo, a evidência científica é ainda parca e carece de estudos de elevado rigor metodológico que corroborem estes resultados.
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