Rastreio da Diabetes em Doentes com Doença Macrovascular Coronária: As Novas Guidelines Europeias são um Retrocesso?

Autores

  • Andreia Ribeiro Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa. Portugal.
  • Sérgio Bravo Baptista Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.
  • Mariana Faustino Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.
  • Paulo Alves Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.
  • Pedro Farto e Abreu Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.
  • Victor Machado Gil Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.
  • Carlos Morais Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.7990

Palavras-chave:

Diabetes Mellitus Tipo 2, Doença da Artéria Coronária, Hemoglobina A Glicosilada, Rastreio, Teste de Tolerância a Glucose

Resumo

Introdução: As novas recomendações europeias de diabetes mellitus tipo 2 e doença cardiovascular sugerem que o risco de diabetes mellitus tipo 2 deve ser avaliado através do score de risco FINnish Diabetes RIsk SCore e que o rastreio de diabetes mellitus tipo 2 na população com doença arterial coronária deve ser efetuado apenas com a glicemia plasmática em jejum e a HbA1, remetendo a prova de tolerância oral à glicose para os casos ‘inconclusivos’. Pretendemos avaliar os resultados desta estratégia, que difere da previamente defendida nas guidelines.
Material e Métodos: A glicemia plasmática em jejum, HbA1c e a prova de tolerância oral à glicose (75 g, 2 horas) foram avaliadas prospectivamente num grupo de doentes consecutivos submetidos a intervenção coronária percutânea, sendo usada a classificação da ADA para pré-diabetes mellitus tipo 2 e diabetes mellitus tipo 2. O risco de diabetes foi avaliado de acordo com o FINnish Diabetes RIsk SCore.
Resultados: Foram incluídos 135 doentes (idade média 62,3 +/- 13,1 anos; 99 homens). Usando a prova de tolerância oral à glicose e a HbA1c, foram diagnosticados 18 (13,3%) novos casos de diabetes mellitus tipo 2 e 77 (57,0%) casos de pré-diabetes mellitus tipo 2. A glicemia plasmática em jejum + HbA1c identificou 12/18 doentes com diabetes mellitus tipo 2 (Sens 66,7%; valor preditivo negativo 95,1%; Kappa 0,78; p < 0,0001) e 83 do total (pré-diabetes mellitus tipo 2/ diabetes mellitus tipo 2) de 95 doentes com distúrbios da glucose (Sens 87,4%; valor preditivo negativo 76,9%). Realizar adicionalmente prova de tolerância oral à glicose nos 29 doentes com um FINnish Diabetes RIsk SCore elevado permitiu diagnosticar 15/18 doentes com diabetes mellitus (Sens 83,3%; valor preditivo negativo 97,5%; Kappa 0,85; p < 0,0001) e 86/95 dos doentes com distúrbios da glucose (Sens 90,5%; valor preditivo negativo 81,6%).
Discussão: Apesar da melhoria diagnóstica, um em cada seis doentes com diabetes mellitus tipo 2 não seria diagnosticado por esta estratégia.
Conclusão: A utilização do FINnish Diabetes RIsk SCore como forma de selecionar os doentes candidatos a rastreio com prova de tolerância oral à glicose melhora a capacidade diagnóstica, quando comparada com a simples avaliação da glicemia plasmática em jejum e da HbA1c. No entanto, um em cada seis doentes com diabetes mellitus tipo 2 não é identificado com esta metodologia.

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Biografias Autor

Andreia Ribeiro, Faculdade de Medicina. Universidade de Lisboa. Lisboa. Portugal.

Aluna de Medicina

Sérgio Bravo Baptista, Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.

Especialidade: Cardiologia Sub-Especialidade (OM): Cardiologia de Intervenção; Assistente Hospitalar Graduado

Mariana Faustino, Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.

Especialidade: Cardiologia; Assistente Hospitalar

Paulo Alves, Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.

Interno de Cardiologia

Pedro Farto e Abreu, Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.

Especialidade: Cardiologia Sub-Especialidade (OM): Cardiologia de Intervenção; Assistente Hospitalar Graduado

Victor Machado Gil, Serviço de Cardiologia. Hospital Fernando Fonseca. Amadora. Portugal.

Especialidade: Cardiologia; Chefe de Serviço; Professor Doutor, Faculdade de Medicina de Lisboa

Publicado

2017-06-30

Como Citar

1.
Ribeiro A, Baptista SB, Faustino M, Alves P, e Abreu PF, Gil VM, Morais C. Rastreio da Diabetes em Doentes com Doença Macrovascular Coronária: As Novas Guidelines Europeias são um Retrocesso?. Acta Med Port [Internet]. 30 de Junho de 2017 [citado 19 de Maio de 2024];30(6):434-42. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/7990

Edição

Secção

Original