Rastreio da Diabetes em Doentes com Doença Macrovascular Coronária: As Novas Guidelines Europeias são um Retrocesso?
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.7990Palavras-chave:
Diabetes Mellitus Tipo 2, Doença da Artéria Coronária, Hemoglobina A Glicosilada, Rastreio, Teste de Tolerância a GlucoseResumo
Introdução: As novas recomendações europeias de diabetes mellitus tipo 2 e doença cardiovascular sugerem que o risco de diabetes mellitus tipo 2 deve ser avaliado através do score de risco FINnish Diabetes RIsk SCore e que o rastreio de diabetes mellitus tipo 2 na população com doença arterial coronária deve ser efetuado apenas com a glicemia plasmática em jejum e a HbA1, remetendo a prova de tolerância oral à glicose para os casos ‘inconclusivos’. Pretendemos avaliar os resultados desta estratégia, que difere da previamente defendida nas guidelines.
Material e Métodos: A glicemia plasmática em jejum, HbA1c e a prova de tolerância oral à glicose (75 g, 2 horas) foram avaliadas prospectivamente num grupo de doentes consecutivos submetidos a intervenção coronária percutânea, sendo usada a classificação da ADA para pré-diabetes mellitus tipo 2 e diabetes mellitus tipo 2. O risco de diabetes foi avaliado de acordo com o FINnish Diabetes RIsk SCore.
Resultados: Foram incluídos 135 doentes (idade média 62,3 +/- 13,1 anos; 99 homens). Usando a prova de tolerância oral à glicose e a HbA1c, foram diagnosticados 18 (13,3%) novos casos de diabetes mellitus tipo 2 e 77 (57,0%) casos de pré-diabetes mellitus tipo 2. A glicemia plasmática em jejum + HbA1c identificou 12/18 doentes com diabetes mellitus tipo 2 (Sens 66,7%; valor preditivo negativo 95,1%; Kappa 0,78; p < 0,0001) e 83 do total (pré-diabetes mellitus tipo 2/ diabetes mellitus tipo 2) de 95 doentes com distúrbios da glucose (Sens 87,4%; valor preditivo negativo 76,9%). Realizar adicionalmente prova de tolerância oral à glicose nos 29 doentes com um FINnish Diabetes RIsk SCore elevado permitiu diagnosticar 15/18 doentes com diabetes mellitus (Sens 83,3%; valor preditivo negativo 97,5%; Kappa 0,85; p < 0,0001) e 86/95 dos doentes com distúrbios da glucose (Sens 90,5%; valor preditivo negativo 81,6%).
Discussão: Apesar da melhoria diagnóstica, um em cada seis doentes com diabetes mellitus tipo 2 não seria diagnosticado por esta estratégia.
Conclusão: A utilização do FINnish Diabetes RIsk SCore como forma de selecionar os doentes candidatos a rastreio com prova de tolerância oral à glicose melhora a capacidade diagnóstica, quando comparada com a simples avaliação da glicemia plasmática em jejum e da HbA1c. No entanto, um em cada seis doentes com diabetes mellitus tipo 2 não é identificado com esta metodologia.
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