Transfusão Permuta Parcial em Crianças e Jovens com Doença Falciforme: Comparação da Experiência Manual com o Procedimento Automatizado
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.8228Palavras-chave:
Adolescente, Adulto Jovem, Anemia Falciforme, Criança, Transfusão de Eritrócitos/métodosResumo
Introdução: Os benefícios da transfusão permuta parcial manual versus automatizada encontram-se pouco documentados e existem poucos estudos em jovens com doença falciforme. Pretendemos descrever e comparar a nossa experiência com os dois procedimentos.
Material e Métodos: Foram incluídos jovens (≤ 21 anos) que realizaram transfusão permuta parcial-manual ou -automatizada para prevenção ou tratamento de complicações da doença falciforme. Dados clínicos, técnicos e valores hematológicos foram recolhidos de forma prospectiva e analisados.
Resultados: Realizaram-se 94 transfusões permuta parcial num período de 68 meses, 57 manuais e 37 automatizadas, 63 para prevenção de complicações crónicas, 30 por complicações agudas e uma no contexto pré-operatório. A redução média da hemoglobina S foi superior na transfusão permuta parcial-automatizada (p < 0,001) e permitiu uma redução de hemoglobina S por volume permutado superior (p < 0,001), mantendo valores de hemoglobina e hematócrito estáveis. Os valores de ferritina dos doentes crónicos diminuíram em 54%. A principal preocupação foi a obstrução do lúmen do cateter na transfusão permuta parcial-manual e os alarmes de pressão do acesso na transfusão permuta parcial-automatizada. Não houve complicações major nem aloimunização.
Discussão: A transfusão permuta parcial-automatizada reduziu a hemoglobina S de forma mais eficiente que a transfusão permuta parcial-manual em doentes com complicações da doença falciforme, existindo pequenos problemas relacionados com o acesso vascular. O valor alvo de hemoglobina S deve ser individualizado segundo a clínica e os objetivos hematológicos. Na nossa coorte de jovens, a necessidade de um acesso venoso aceitável foi a principal limitação, mas a sobrecarga de ferro foi evitada.
Conclusão: A transfusão permuta parcial automatizada é segura e bem tolerada. Permite uma maior eficácia na redução da hemoglobina S, um melhor controlo da volemia e a evicção da sobrecarga de ferro.
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