Leishmaniose Visceral em Doentes com Infeção VIH: O Desafio da Recaída e Falência Terapêutica
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.8291Palavras-chave:
Falência Terapêutica, Leishmaniose Visceral, Recidiva, Infecções por VIHResumo
Introdução: A leishmaniose visceral é uma infeção disseminada endémica, considerada a terceira infeção parasitária oportunista mais frequente na Europa. É mais prevalente nos doentes co-infetados por vírus da imunodeficiência humana, em que acarreta um grande desafio terapêutico pelo risco acrescido de recaída. O objetivo do estudo é a caraterização de uma população co-infetada e da eficácia dos esquemas terapêuticos.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo de uma amostra seleccionada de todos os doentes com leishmaniose visceral e infeção pelo vírus da imunodeficiência humana internados num período de 10 anos num serviço de Infeciologia.
Resultados: Foram incluídos 23 doentes co-infetados, dois do sexo feminino (8,7%). A contagem média de células TCD4+ à data do diagnóstico da leishmaniose visceral foi de 104,4 cels/uL (± 120,3 cels/uL), apenas dois doentes tinham carga viral indetetável (< 20 cópias/mL) e 16 (69,6%) não cumpriam terapêutica antirretroviral à data do diagnóstico. Como terapêutica optou-se por anfotericina B lipossómica em 18 doentes, antimoniato de meglumina em quatro e miltefosine num caso. Catorze (60,9%) aderiram a esquema de profilaxia secundária. Verificou-se uma taxa de recaída de 26,1% (seis doentes).
Discussão: A co-infeção leishmaniose-vírus da imunodeficiência humana está associada a maior taxa de falência terapêutica e recaída, sendo a contagem de células TCD4+ o principal fator preditivo de recaída e o cumprimento de esquemas de quimioprofilaxia inequívoco na redução da mesma. A terapêutica combinada com anfotericina B lipossómica e miltefosine regista taxas de falência inferiores ao esquema clássico.
Conclusão: Conclui-se que esquemas alternativos e combinados parecem ser uma alternativa nesta população.
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