Controlo de Dor, Infeção Local, Satisfação, Efeitos Adversos e Dor Residual no Pós-Operatório de Cirurgia Abdominal Major: Epidural versus Infusão Contínua da Ferida Cirúrgica (PAMA Trial)
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.8600Palavras-chave:
Abdomen/cirurgia, Analgésicos Locais, Anestesia Epidural, Complicações Operatórias, Dor Pós-Operatória, Náusea e Vómito Pós-Operatório, Procedimentos Cirúrgicos do Sistema DigestivoResumo
Introdução: O controlo da dor no pós-operatório de cirurgia abdominal major é um desafio para o Anestesiologista. A otimização da analgesia no pós-operatório melhora o prognóstico e a evolução clínica contribuindo igualmente para a satisfação do doente e redução da morbimortalidade. O objetivo principal deste estudo randomizado é efetuar a análise comparativa em termos de eficácia de uma técnica pouco convencional e ainda pouco implementada, infusão contínua da ferida cirúrgica, e a técnica atualmente considerada gold standard, analgesia via epidural, no pós-operatório de cirurgia abdominal major.
Material e Métodos: Foram randomizados 50 doentes submetidos a cirurgia abdominal por laparotomia mediana com incisão xifopúbica para receber analgesia pós-operatória por um esquema via epidural (n = 25) ou via infusão contínua da ferida cirúrgica (n = 25) durante 48 horas. Os critérios de eficácia foram baseados na análise da dor em repouso (escala numérica de dor < 4/10) às 24 horas de pós-operatório. Foram ainda avaliados os scores de dor às seis, 12 e 48 horas e aos três meses de pós-operatório, assim como a incidência de efeitos adversos às 48 horas de pós-operatório, grau de satisfação pessoal e dor residual após 3 meses.
Resultados: A proporção de doentes com controlo bem-sucedido da dor pós-operatória foi de 84% para infusão contínua da ferida cirúrgica e 60% para analgesia via epidural. No grupo infusão contínua da ferida cirúrgica com dor não controlada, todos os doentes classificaram a dor abaixo de 6/10 às 24 horas de pós-operatório. A incidência de náuseas, vómitos, prurido ou íleus foi menor no grupo infusão contínua da ferida cirúrgica, com resultado estatisticamente significativo para recuperação da função intestinal. Verificou-se um caso de toxicidade sistémica de anestésico local com um episódio de extrassístolia ventricular frequente sem repercussão hemodinâmica, que cessaram após suspensão da perfusão contínua de anestésico local por via epidural.
Discussão: A análise de eficácia sugere que a técnica de infusão contínua da ferida cirúrgica é uma técnica com eficácia e segurança, sendo até melhor que a analgesia via epidural no controlo da dor pós-operatória de cirurgia abdominal major. Esta técnica está associada a melhor controlo analgésico, com menor incidência de efeitos adversos, elevado grau de satisfação pessoal e ausência de dor residual, contribuindo para uma otimização da recuperação e alta precoce.
Conclusão: A infusão contínua da ferida cirúrgica é uma técnica eficaz, que deve ser implementada na analgesia de pós-operatório de cirurgia abdominal major, tendo vantagens quando comparada com a analgesia epidural, nomeadamente na menor incidência de efeitos adversos.
Registo: Ensaio clínico não registado.
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