Infecção do Tracto Urinário Adquirida no Hospital: Resultados de um Estudo de Coorte Realizado num Departamento de Medicina Interna
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.8606Palavras-chave:
Infecção Hospitalar, Infecções Comunitárias Adquiridas, Infecções Urinárias, Medicina InternaResumo
Introdução: As infecções urinárias são as infecções associadas aos cuidados de saúde mais frequentes, estando associadas a elevados custos e morbilidade. Pretendeu-se efectuar uma caracterização epidemiológica das infecções urinárias adquiridas no Hospital ocorridas num serviço de Medicina Interna de um hospital português.
Material e Métodos: Estudo de coorte retrospectivo (coorte histórica). Analisaram-se os dados correspondentes a uma amostra aleatória sistemática de 388 doentes, representativa das 3492 admissões ocorridas, em 2014, nesse Serviço.
Resultados: Um em cada quatro doentes foi sujeito à colocação de uma sonda vesical [24,7% (n = 96); IC 95%: 20% - 29%], em 36,5% (IC 95%: 33% - 48%) dos casos na ausência de critérios clínicos. A taxa de incidência cumulativa global de infecções urinárias nosocomiais foi de 4,6% (IC 95%: 2,5% - 6,7%). A maior parte das infecções (61,1%) associou-se à utilização de um cateter vesical. Ocorreram 3,06 infecções por mil dias de internamento e 14,5 infecções por mil dias de algaliação. As Infecções urinárias associadas a cateter vesical ocorreram numa fase precoce do internamento. A grande maioria dos doentes que desenvolveram infecções urinárias associadas a cateter vesical (66,7%) foram algaliados no serviço de urgência. Setenta e um por cento das infecções urinárias associadas a cateter vesical ocorreram em doentes algaliados na ausência de critérios para o procedimento.
Discussão: Estes resultados apontam para um uso excessivo e inadequado de cateteres urinários, destacando-se a necessidade do uso criterioso tendo em conta as indicações clínicas formais. A incidência de infecção do tracto urinário associada ao cateter vesical foi semelhante à encontrada noutros estudos. No entanto, encontrámos uma densidade de incidência por dia de cateter muito elevada, o que permite antever um problema relacionado com ausência de retirada precoce do dispositivo ou com as práticas de colocação e manutenção da algália. Uma parte significativa das infecções associadas a cateter vesical ocorreu em doentes cuja colocação de cateter vesical ocorreu no serviço de urgência, antes da admissão na enfermaria de medicina interna, o que enfatiza a necessidade de avaliar as práticas de algaliação nesses serviços.
Conclusão: A elevada taxa de Infecções urinárias associadas a cateter vesical ocorrida na ausência de indicação para algaliação, reforça a necessidade de implementação de estratégias de prevenção que contemplem a redução do número de algaliações. Os serviços de urgência devem ser integrados nos projectos de melhoria nesta área. As causas para a ocorrência precoce de infecções urinárias associadas a cateter vesical nesta coorte devem ser investigadas.
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