A Experiência duma Norma de Atuação no Traumatismo Crânio-Encefálico Ligeiro em Idade Pediátrica: Estudo Longitudinal de Três Anos
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.8795Palavras-chave:
Criança, Lesões Encefálicas/diagnóstico por imagem, Tomografia Computorizada, Traumatismos CraniocerebraisResumo
Introdução: Os traumatismos crânio-encefálicos são frequentes em Pediatria, habitualmente ligeiros e sem lesões intracranianas. A tomografia computorizada crânio-encefálica é o exame de eleição, implicando radiação ionizante, não existindo consenso nas indicações nos traumatismos crânio-encefálicos ligeiros. Uma atitude expectante é uma opção adequada na maioria dos casos. Os autores pretenderam comparar os doentes internados e submetidos a tomografia computorizada crânio-encefálica com os doentes internados sem tomografia computorizada crânio-encefálica, inferindo a segurança da norma de atuação em vigor na nossa instituição.
Material e Métodos: Estudo analítico longitudinal retrospetivo, durante três anos, de doentes com menos de 15 anos admitidos na Urgência Pediátrica e internados por traumatismos crânio-encefálicos ligeiros. Amostra organizada num grupo A (internados com tomografia computorizada crânio-encefálica) e num grupo B (internados sem tomografia computorizada crânio-encefálica).
Resultados: Amostra de estudo constituída por 206 doentes: 81 (39%) grupo A e 125 (61%) grupo B. Sintomas, nomeadamente vómitos, foram mais frequentes no grupo B (91% e 61% vs 75% e 35%, p < 0,05); hematoma epicraniano volumoso e afundamento ósseo no grupo A (11% e 12% vs 0%, p < 0,05). Realizou-se tomografia computorizada crânio-encefálica em 39% dos doentes estudados (crianças com sinais de alarme à observação ou evolução não favorável durante o internamento); 43% tinham alterações (29 doentes apresentavam fratura, 18 doentes apresentavam lesões intracranianas). Três doentes foram submetidos a neurocirurgia. Não registámos óbitos, reinternamentos ou sequelas neurológicas.
Discussão: As lesões intracranianas clinicamente significativas foram pouco frequentes. A atitude preconizada de vigilância hospitalar das crianças e adolescentes com traumatismos crânio-encefálicos ligeiros sintomáticos, sem alterações significativas ao exame objetivo, não pareceu ter implicado riscos acrescidos.
Conclusão: A utilização criteriosa da tomografia computorizada crânio-encefálica permitiu reduzir o número de exames e a exposição a radiação ionizante.
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