Evolução Temporal da Mortalidade por Cancro do Colo do Útero em Portugal
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.8921Palavras-chave:
Neoplasias do Colo do Útero/mortalidade, Mortalidade/tendências, PortugalResumo
Introdução: A mortalidade por cancro do colo do útero em Portugal apresenta valores mais elevados em relação a outros países europeus. O objetivo deste estudo é avaliar a variação da mortalidade por cancro do colo do útero, observada em Portugal nas últimas seis décadas.
Material e Métodos: Obtivemos taxas de mortalidade por cancro do colo do útero (padronizadas para a idade) reportadas em Portugal (1955–2014), através da International Agency for Research on Cancer. Utilizando análise de regressão linear joinpoint, obtivemos a percentagem de variação anual da taxa (%VA) e respetivo intervalo de confiança a 95% (IC 95%) de acordo com a idade (30–39; 40–49, 50–64; 65–74 e ≥ 75 anos)
Resultados: No grupo com 30–39 anos, a mortalidade por CCU diminuiu 1,9% ao ano, durante todo o período (IC 95%: –2,3; –1,4), atingindo 0,5/100 000 em 2014. Nas mulheres com 40–49 anos houve decréscimo acentuado entre 1971 e 1981 (%VA = –11,6; IC 95%: –14,6; –8,6), com subsequente aumento de 2,4% ao ano (IC 95%: 1,0; 3,8) até 2001, mas que reverteu a partir desse ano (%VA = –5,2; IC 95%: –7,7; –2,6), atingindo 3,0/100 000 em 2014. A mortalidade por cancro do colo do útero diminuiu de 29,2 para 6,7/100 000, de 34,3 para 7,7/100 000, e de 24,7 a 9,2/100 000, respetivamente, nas mulheres com 50–64, 65–74 e com 75 ou mais anos. Nestes três grupos o decréscimo ocorreu principalmente nas décadas de 70 e 80, não havendo variação significativa da taxa nas últimas três décadas.
Discussão: O maior decréscimo da mortalidade por cancro do colo do útero observada em Portugal ocorreu na década de 70 em paralelo com profundas alterações no Sistema Nacional de Saúde caracterizadas pelo aumento do acesso ao diagnóstico precoce e da qualidade do tratamento. Nas últimas três décadas, a mortalidade por cancro do colo do útero estabilizou em idades mais avançadas, o que pode ser explicado parcialmente por fatores com impacto na adesão aos programas de rastreio.
Conclusão: Houve marcado declínio da mortalidade por cancro do colo do útero em todos os grupos etários, embora com estagnação deste indicador desde meados da década de 80 para grupos etários mais avançados. Os resultados sugerem a necessidade de incrementar a adesão a programas de rastreio em Portugal.
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