Polimorfismos Genéticos Associados ao Aparecimento de Hipertensão Arterial Numa População Portuguesa

Autores

  • Ana Célia Sousa Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Roberto Palma dos Reis Faculdade de Ciências Médicas. Universidade Nova de Lisboa. Lisboa.
  • Andreia Pereira Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Sofia Borges Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Ana Isabel Freitas Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Graça Guerra Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Sara Gouveia Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Teresa Góis Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Lino Nóbrega Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Mariana Rodrigues Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Eva Henriques Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Sónia Freitas Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Ilídio Ornelas Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • Décio Pereira Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.
  • António Brehm Laboratório de Genética Humana. Universidade da Madeira. Funchal.
  • Maria Isabel Mendonça Unidade de Investigação. Hospital Doutor Nélio Mendonça. Funchal.

DOI:

https://doi.org/10.20344/amp.9184

Palavras-chave:

Factores de Risco, Hipertensão, Polimorfismo Genético, Portugal

Resumo

Introdução: A hipertensão arterial é uma doença complexa, multifatorial, controlada por fatores genéticos e ambientais.
Objetivo: Avaliar a susceptibilidade genética no aparecimento de hipertensão arterial e sua associação com os fatores de risco tradicionais na eclosão desta patologia.
Material e Métodos: Estudo caso-controlo com 1712 indivíduos, idade média de 51,0 ± 7,9 anos (860 hipertensos e 852 controlos). Avaliaram-se os fatores tradicionais, bioquímicos e as variantes genéticas: ACE I/D rs4340, ACE A2350G rs4343, AGT T174M rs4762, AGT M235T rs699 AGTR1 A1166C rs5186, CYP11B2 -344 C/T rs1799998, ADRB1 R389G rs1801253, ADRB2 R16G rs1042713, ADD1 G460W rs4961, SCNN1G G173A rs5718, GNB3 C825T rs5443, ATP2B1 A/G rs2681472, CYP17A1 T/C rs11191548, SLC4A2 C/T rs2303934. Calculámos o risco de cada gene para a hipertensão, pelos modelos dominante, recessivo, co-dominante e multiplicativo. Através da regressão logística, avaliámos as variáveis associadas à hipertensão. Elaboraram-se curvas ROC com os fatores tradicionais e posteriormente adicionando as variantes genéticas associadas com hipertensão. Analisámos os dados através do SPSS for Windows 19.0 e MedCalc v. 13.3.3.0.
Resultados: As variantes genéticas ADD1 G460W, GNB3 C825T, ACE I/D e ACE A2350G associaram-se à hipertensão. A curva ROC com os factores de risco tradicionais e estas variantes mostrou um incremento na capacidade preditiva de hipertensão (p = 0,018).
Discussão: Segundo os resultados do nosso estudo as variantes genéticas que após análise univariada se associaram à hipertensão arterial foram a ACE I/D rs4340, ACE A2350G rs4343, ADD1 G460W rs4961, GNB3 C825T rs5443. As duas primeiras variantes relacionam-se com a hipertensão arterial por interferirem no sistema renina-angiotensina-aldosterona, que tem um importante papel na regulação da pressão arterial. Salienta-se o facto dos genes que codificam os componentes do sistema renina-angiotensinaaldosterona serem candidatos naturais ao desenvolvimento e progressão da hipertensão arterial. Também na nossa população os polimorfismos da alfa-aducina (ADD1 G460W rs4961), associaram-se à hipertensão arterial. Nesta população portuguesa, conhecida por ter elevado consumo de sal, faz sentido que estes polimorfismos, sejam relevantes na gestão do sal e da água e consequentemente, no aparecimento de hipertensão arterial. A variante genética GNB3 C825T rs5443 que interfere na sinalização intracelular também constituiu uma forte candidata à hipertensão arterial. Com a elaboração da curva ROC e cálculo das AUC inicialmente só com os fatores de risco tradicionais e posteriormente adicionando as variantes ADD1 G460W, GNB3 C825T, ACE I/D e ACE A2350G aos fatores de risco tradicionais, verificámos ter havido um incremento no risco preditivo de hipertensão arterial, relativamente ao existente só com os fatores de risco tradicionais, com significado estatístico (p = 0,018). Isto sugere que a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, que resulta da interação de fatores ambientais, genéticos e estilos de vida que interagem entre si e levam ao aparecimento desta importante patologia.
Conclusão: No nosso estudo os polimorfismos associados à hipertensão, estão ligados ao eixo renina-angiotensina-aldosterona (ACE I/D, ACE A2350G), bem como à gestão de sal e água (ADD1 G460W, GNB3 C825T). Através de uma análise multivariada, concluiu-se que estas duas últimas variantes genéticas conjuntamente com quatro dos fatores tradicionais (tabagismo, hábitos alcoólicos, obesidade e diabetes) se associam de forma significativa e independente à hipertensão arterial essencial. Num modelo preditivo de hipertensão arterial, a introdução das variantes genéticas aumenta ligeiramente o valor preditivo do modelo.

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Publicado

2018-10-31

Como Citar

1.
Sousa AC, Reis RP dos, Pereira A, Borges S, Freitas AI, Guerra G, Gouveia S, Góis T, Nóbrega L, Rodrigues M, Henriques E, Freitas S, Ornelas I, Pereira D, Brehm A, Mendonça MI. Polimorfismos Genéticos Associados ao Aparecimento de Hipertensão Arterial Numa População Portuguesa. Acta Med Port [Internet]. 31 de Outubro de 2018 [citado 24 de Novembro de 2024];31(10):542-50. Disponível em: https://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/view/9184

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