Bactérias Multirresistentes Associadas aos Cuidados de Saúde num Hospital Pediátrico: Experiência de Cinco Anos
DOI:
https://doi.org/10.20344/amp.99Resumo
Introdução: Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento das infeções por bactérias multirresistentes. Os dados pediátricos no global, e em particular em Portugal, são escassos.
Objectivos: Avaliar a evolução das infeções por bactérias multirresistentes associadas aos cuidados de saúde num hospital pediátrico.
Material e Métodos: Estudo retrospetivo de incidência efetuado nas enfermarias médicas, cirúrgicas e de cuidados intensivos num hospital pediátrico nível III, entre Janeiro de 2005 e Dezembro de 2009. As bactérias multirresistentes estudadas foram Staphylococcus aureus meticilino-resistente (SAMR), bacilos gram negativos produtores de β-lactamases de espectro expandido (ESBL), Enterococcus spp resistentes à vancomicina (ERV), Pseudomonas aeruginosa multirresistentes (PAMR) e Acinetobacter baumanii resistente aos carbapenems. Foram analisados dados demográficos, clínicos, laboratoriais, terapêuticos e presença de fatores de risco.
Resultados: Durante o período de estudo foram identificadas 106 bactérias multirresistentes associadas, correspondentes a 72 crianças, com predomínio do sexo masculino (65,3%). As bactérias multirresistentes mais frequentemente identificadas foram SAMR (35,8%), PAMR (29,2%) e bacilos gram negativos com fenótipo ESBL (17,9%). Destas 106 bactérias multirresistentes, 45 (42,5%) foram identificadas em infeção. Ao longo do período de estudo, a proporção anual de infeções por bactérias multirresistentes variou entre 32,0% em 2006 e 55,6% em 2009 (p = 0,376). A taxa de incidência global de infeção por estas bactérias foi de 0,400 por 1 000 dias de internamento, correspondendo a 0,274 infeções por 100 internamentos, valor que se manteve estável ao longo dos cinco anos. Predominaram as infeções da corrente sanguínea (31,1%), intra-abdominais (20,0%), associadas a cateter venoso central (17,8%) e da pele e tecidos moles (11,1%). Todas as crianças tinham fatores de risco e os mais frequentemente identificados foram antibioticoterapia prévia e doença crónica de base (> 90%). Seis crianças (13,3%) faleceram durante o internamento.
Conclusões: Ao longo do período de estudo, a proporção de bactérias multirresistentes apresentou uma tendência de aumento, embora sem significado estatístico. As taxas de incidência de infeção mantiveram-se estáveis. SAMR foram as bactérias mais frequentemente identificadas, seguidas por PAMR e bacilos gram negativos ESBL. O tipo de infeção mais frequente foi da corrente sanguínea, seguido pelas infeções intra-abdominais e as associadas a dispositivos invasivos. A totalidade das crianças apresentava fatores de risco, nomeadamente antibioticoterapia prévia e doença crónica de base.
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